A vila piscatória do Nzeto assinala, hoje, 88 anos de existência. Nzeto é a sede de um dos seis municípios da província do Zaire, com o mesmo nome, elevada à categoria de vila através do Decreto nº 601, de 23 de Junho de 1934.
No percurso dos seus 88 anos, o antigo Ambrizete registou avanços e recuos, do ponto de vista de desenvolvimento económico e social. O administrador municipal, Augusto Tiago, fez, ao Jornal de Angola, um resumo da realidade actual da região, tendo destacado os principais ganhos alcançados nos últimos anos, fruto de alguns investimentos realizados, à luz de vários programas gizados, quer pelo governo provincial, quer pelo central.
"Temos um município que deu um salto muito grande nos últimos anos, se compararmos com os tempos passados. Temos energia eléctrica da rede nacional, que considero ser um grande ganho para o desenvolvimento do município. A estrada que liga o município à capital do país, Luanda, é boa”, referiu.
Augusto Tiago lembrou que decorrem, neste momento, as obras de construção do sistema de abastecimento de água potável, que vai, em definitivo, acabar a carência deste precioso líquido vivida a nível da vila e bairros periféricos.
O sistema de abastecimento de água, disse, deverá ser composto por um reservatório apoiado de 1.700 metros cúbicos, dois outros reservatórios elevados de 500 metros cúbicos e uma estação de captação e tratamento, prevendo-se, como isso, efectuar cinco mil ligações domiciliares.
"O problema de abastecimento de água potável vai ser resolvido. Penso que temos um município com mais esperança num futuro melhor. Temos uma série de projectos em carteira, uns em execução, como são os casos da construção, aqui na sede municipal, de uma escola de 12 salas de aula e uma outra na localidade de Quimacucu, comuna de Quibala Norte, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios”, disse.
Acrescentou que, decorrem, igualmente, as obras de construção das instalações da administração, do posto policial e de uma escola de sete salas na comuna de Quibala Norte, tendo adiantado que, nos próximos tempos, devem ser realizados trabalhos de terraplanagem dos troços rodoviários de acesso às comunas de Quindege e de Quibala Norte, para a acomodação do tráfego.
"Temos garantias de que vamos iniciar, nos próximos tempos, um trabalho de acomodação do tráfego das vias, tanto de Quindege, como do Quibala Norte, que, de facto, é o grande desafio do governo provincial, e permitir o escoamento de produtos agrícolas para os grandes centros de consumo”, adiantou.
O município do Nzeto, com uma superfície de 10.120 quilómetros quadrados, possui condições excelentes para a produção de citrinos, mandioca, milho, gergelim, ginguba, batata-doce, feijão, ananás, abacate, papaia, hortaliças, entre outros, factor que, segundo o administrador municipal, pode constituir num chamariz para os investidores à região, quer nacionais, quer estrangeiros.
"Com as potencialidades que temos e, se forem divulgadas ao país e ao mundo, penso que vamos atrair investimentos e, com isso, criar muitos empregos para impulsionar o desenvolvimento da região. Portanto, atrair investidores e turistas é um dos nossos grandes objectivos.
Para além da actividade pesqueira de que, em grande medida, o Nzeto é conhecido, queremos que se torne, também, numa vila turística”, declarou, frisando que para que isso aconteça é necessário olhar o Nzeto com outros olhos, ou seja, todos os seus habitantes devem contribuir, ter comportamentos e atitudes conducentes ao desenvolvimento desejado.
"O investimento não tem fronteira e o Estado angolano tem uma boa política de captação de investimentos estrangeiros e nós queremos, também, que o Nzeto seja alvo dessas políticas de investimentos de peso”, augurou.
Augusto Tiago enfatizou que a região, cujas populações são consideradas acolhedoras, possui praias exuberantes e outros encantos e recantos propícios para a prática de turismo, carecendo apenas de investimentos.
Iniciativas privadas
Até ao momento, uma das maiores iniciativas privadas no Nzeto, no domínio da produção agrícola, denomina-se "Fazenda Girassol”, projectada, há anos, na margem direita do rio Loge, na linha limítrofe entre a província do Zaire e a do Bengo.
Considerado o "ex-líbris” da província, em termos da prática da agricultura moderna, a "Fazenda Girassol” tem exportado milhares de toneladas de produtos diversos, com destaque para banana de mesa, tendo garantido centenas de postos de trabalho aos jovens locais e não só, revelou o administrador.
Augusto Tiago disse estar, também, para breve, a reactivação das salinas do Nzeto, um sector que, pela sua natureza, tem uma grande nuance de empregabilidade.
"A empresa que vai explorar as salinas enfrentou algumas dificuldades para conseguir financiamento e legalizar o terreno. Ultrapassadas que estão estas questões, estamos em crer que, se não for este ano, no início do próximo, a salina pode começar a produzir”, disse.
Augusto Tiago acrescentou que à administração municipal chegam inúmeras solicitações de cedência de terrenos para investimentos, facto que considerou ser animador para o município, que deseja transformar-se num ponto turístico de referência no contexto nacional.
Assistência médica regista avanços significativos em todas as sedes comunais
No domínio das condições de assistência, o administrador municipal revelou terem sido registados avanços significativos na localidade, com a construção de centros de saúde em todas as sedes comunais e em algumas aldeias mais habitadas, facto que, embora positivo, considerou ser insuficiente, face ao número da população, estimado em 41.627 habitantes.
"Precisamos de melhorar. Eu, enquanto angolano, se disser que está tudo bom, não estaria a ser um bom patriota. Contudo, temos pela frente um trabalho muito grande ainda a fazer, mas devo dizer que já demos alguns passos significativos neste domínio”, referiu.
Augusto Tiago sublinhou que os centros de saúde das comunas da Musserra e Quindege estão devidamente equipados com laboratórios de análises clínicas, chegando a superar, em termos de dimensões, alguns hospitais municipais do Zaire.
O hospital de Covid-19, inaugurado há sensivelmente um ano, no bairro Kitana, na Vila do Nzeto, funciona agora como hospital municipal, dispondo de cerca de 90 camas para internamento de pacientes, para além de outras valências assistenciais, como Raio X, banco de sangue, dois aparelhos de hemodiálise e uma incineradora. Segundo o administrador municipal, isso representa um salto qualitativo neste sentido.
"No hospital antigo permanecem os serviços de maternidade e bloco operatório. Desde o ano passado até à presente data, recebemos 40 profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros”, informou.
O responsável lembrou que a vila do Nzeto, pela sua estrutura topográfica, apresenta muitas zonas de alagamento ou inundações, como são os casos de "Futa kia Mbumba”, "Futa kia Ndiba” e de Kimpaxi. Diante desta realidade, a administração municipal construiu, há tempos, dois canais de drenagem das águas pluviais, que resolveram o problema em definitivo, para o alento dos moradores das referidas zonas, que, antes, muitos dos quais, eram obrigados a abandonar as residências sempre que chovesse.
Em relação à construção das vias urbanas, no Nzeto, num total de quatro quilómetros, anunciada, recentemente, pelo presidente do MPLA, João Lourenço, à margem de um acto político de massas, em Mbanza Kongo, no quadro da pré-campanha eleitoral, Augusto Tiago admitiu ser uma empreitada que vai conferir outra imagem à vila.
Para assinalar a efeméride, a administração municipal programou um conjunto de actividades de carácter cultural, recreativo e desportivo, que decorrem desde a semana passada, com destaque para o "Grande Prémio do Nzeto” em ciclismo, disputado por ciclistas profissionais das equipas "Tchaco”, "BSP” e "ACT”, saídos da capital do país, Luanda.