Justiça
24 Abril de 2021 | 10h41

Jovem preso por publicação de dados ligados a Xi Jinping é inocente

O administrador de um "fórum on-line" onde foram expostos dados pessoais da família do presidente chinês assegura a inocência do jovem condenado a 14 anos de prisão pelo crime, secundando a família do mesmo.

A viver no Japão, o jovem Xiao Yanrui, que fundou o fórum "Esu Wiki", afirmou à agência Kyodo que as informações sobre a família de Xi Jinping, incluindo da sua filha, não foram publicadas no site pelo administrador do mesmo, o jovem condenado pelo crime, Niu Tengyu. 

Xiao assegura que a publicação, em meados de 2019, foi feita fora da China, por alguém que comprou a um agente policial chinês, por 6.000 yuans (cerca de 850 euros), as informações divulgadas, incluindo nome, endereço, data de nascimento, número de identidade, número de telemóvel e foto da filha do presidente chinês, Xi Mingze.

Também expostos foram dados sobre o cunhado de Xi Jinping, Deng Jiagui, uma figura influente do Partido Comunista Chinês. 

Niu Tengyu, de 22 anos de idade, foi condenado no final de 2020 na cidade de Maoming, província de Guangdong (sul), juntamente com 23 outros alegados responsáveis por perturbação da ordem pública e uso inapropriado de informação pessoal. 

Niu, o seu advogado e família afirmam que foi torturado e forçado a uma confissão.

Numa entrevista à Rádio Ásia Livre (RAL) em janeiro, a mãe de Niu afirmou que a publicação da foto da filha do presidente levou à criação de uma força-tarefa especial ao nível do Governo, que enviou agentes policiais para todo o país para prender pessoas ligadas ao fórum on-line, embora o responsável pelo site, Xiao Yanrui, estivesse fora do país.  

Os interrogatórios aos detidos, disse a mãe de Niu (cujo nome não foi divulgado), não terão produzido resultados e os agentes "tentaram transferir responsabilidades para o site Esu Wiki".

"Havia interesses particulares em ação no departamento de polícia de Maoming ... que queriam que isso fosse lembrado como uma contribuição", disse a mãe de Niu, cuja família pretende recorrer da decisão, argumentando que a confissão foi extraída sob tortura.

"Não foram estes miúdos a enviar as fotos, eles foram usadas como bodes expiatórios. Foram privados dos seus direitos humanos e ... forçados a confessar, ameaçados e intimidados todos os dias", disse a mãe de Niu à RAL.

"Um dos braços [de Niu] está agora com lesões permanentes; ele foi espancado até ficar inconsciente várias vezes, depois atiravam-lhe água fria em cima, dizendo-lhe para confessar ser o líder", adiantou.

Chen Chuangchuang, ativista dos direitos humanos em Nova Iorque, afirmou à RAL que o caso "tornou-se político", porque "envolve parentes da liderança do Partido Comunista".

Fonte: NM