Internacional
16 Abril de 2021 | 08h35

EUA anunciam novas sanções contra Rússia

O Governo dos EUA anunciou, ontem, novas sanções financeiras contra a Rússia e a expulsão de 10 diplomatas do país, em resposta a alegados recentes ataques cibernéticos e à interferência nas eleições presidenciais de 2020 atribuída a Moscovo.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou um decreto que permite punir novamente a Rússia, de forma a provocar "consequências estratégicas e económicas”, se Moscovo "continuar a promover uma escalada das acções de desestabilização internacional”, informou a Casa Branca num comunicado.

No âmbito desse decreto, o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos proibiu as instituições financeiras norte-americanas de comprar directamente dívida emitida pela Rússia após 14 de Junho.
O diploma também sanciona seis empresas de tecnologia russas acusadas de apoiar as actividades cibernética dos serviços de informações russos.

De acordo com autoridades norte-americanas, a decisão de Biden constitui uma resposta ao ataque cibernético de 2020, atribuído a Moscovo, que afectou dezenas de organizações nos EUA, através da SolarWinds, uma empresa de 'software' norte-americana cujo produto foi pirateado para conseguir vulnerabilidade entre os seus utilizadores, incluindo várias agências federais dos EUA.
O Governo de Joe Biden determinou ainda sanções contra 32 entidades e pessoas acusadas de tentar, em nome do Governo russo, "influenciar as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos”, segundo a Casa Branca.

Em parceria com a União Europeia, Canadá, Reino Unido e Austrália, o Governo dos Estados Unidos também decidem impor sanções a oito pessoas e entidades "associadas à contínua ocupação e repressão na Crimeia”.

Quanto às acusações de recompensas oferecidas pela Rússia aos talibãs para atacarem soldados norte-americanos no Afeganistão, a Casa Branca não se pronunciou, de momento, dizendo que esse é um caso que está a ser gerido "por canais diplomáticos, militares e dos serviços de informações”.
As sanções ontem anunciadas pela Casa Branca acontecem num momento particularmente delicado das relações diplomáticas entre os EUA e a Rússia, agravadas por declarações recentes do Presidente Joe Biden que acusou o homólogo russo, Vladimir Putin, de ser um "assassino”.


  "Conversação difícil”
A Rússia prometeu, ontem, uma resposta "inevitável” às novas sanções decretadas pelos Estados Unidos contra o país e convocou o embaixador norte-americano em Moscovo para uma "conversação difícil”.
"Os Estados Unidos não estão preparados para aceitar a realidade objectiva de um mundo multipolar, sem hegemonia americana (...). Semelhante comportamento agressivo receberá uma forte réplica. A resposta às sanções será inevitável”, declarou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.

"Washington deve compreender que o preço da degradação das relações bilaterais deverá ser pago. A responsabilidade sobre o que se passa vai caber inteiramente aos Estados Unidos”, acrescentou.
Zakharova também anunciou que o embaixador norte-americano em Moscovo, John Sullivan, foi convocado ao Ministério russo dos Negócios Estrangeiros para "uma conversação que, para a parte americana, será difícil”.

Interrogado antes do anúncio oficial de Washington sobre estas novas sanções, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, tinha considerado que "não favorecem” a organização de uma cimeira entre Joe Biden e o homólogo russo Vladimir Putin, proposta pelos Estados Unidos.
"Durante o contacto telefónico com o Presidente russo, Joe Biden exprimiu o desejo de normalização das relações russo-americanas. A acção da sua Administração testemunha o contrário”, frisou Zakharova.

Fonte: JA