"Eu não sabia que ela era negra até há alguns anos, ela tornou-se negra e quer ser conhecida como negra. É uma coisa ou outra? Eu respeito ambos, mas ela obviamente não respeita isso", disse Trump numa entrevista durante a convenção da Associação Nacional de Jornalistas Negros, em Chicago, nos Estados Unidos.
Mais, o antigo presidente argumentou que, previamente às eleições, Harris "apenas promovia a sua herança indiana".
Em resposta, na quarta-feira, a vice-presidente norte-americana acusou Trump de fazer "o mesmo velho espetáculo" de "divisão e desrespeito". "Deixem-me dizer: o povo americano merece melhor", disse, recebendo aplausos da multidão que a ouvia na Sigma Gamma Rho, uma irmandade historicamente negra na cidade de Houston, no Texas.
Nesse âmbito, Harris prometeu: "Quando nos organizamos, as montanhas movem-se. Quando nos organizamos, as nações mudam. E quando votamos, fazemos história".
A Casa Branca, por sua vez, considerou que os comentários de Trump foram "impulsivos e insultuosos" e que "ninguém tem o direito de dizer a alguém quem é, ou como se identifica".
"Não interessa se é um antigo líder ou um antigo presidente, é insultuoso e temos de relembrar que é a vice-presidente dos Estados Unidos. Temos de impor respeito pelo nome dela", disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
Ironicamente, os comentários polémicos de Trump aconteceram uma semana após o líder do Comité Nacional Republicano do Congresso dos EUA, Richard Hudson, ter pedido aos congressistas desse partido que não utilizassem ataques pessoais durante a campanha.
"Esta eleição deve ser sobre políticas e não sobre personalidades", argumentou, por sua vez, o líder da Câmara de Representantes, o republicano Mike Johnson, pedindo afastamento de críticas contra, por exemplo, Kamala Harris, que envolvessem a sua etnia, ou o seu género.
Kamala Harris, nascida em 1964, é filha de mãe indiana e pai jamaicano e, no passado, já se identificou publicamente como afro-americana e como sul-asiático-americana.