Política
17 Julho de 2024 | 09h47

Chefe de Estado e autoridades religiosas conversam sobre a situação social do país

As altas taxas de importação aplicadas a materiais religiosos, a questão da pobreza e do desemprego, assim como o reconhecimento pelo Estado dos cursos de Teologia dominaram, terça-feira, no Palácio Presidencial da Cidade Alta, a audiência concedida pelo Presidente da República, João Lourenço, a sete líderes religiosos.

Durante o encontro, os representantes da Igreja Metodista Unida da Conferência Anual do Oeste de Angola; da Igreja Evangélica Congregacional de Angola (IECA); da Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA); da Igreja Evangélica Reformada de Angola (IERA), da Igreja Josafat e da Igreja Baptista Livre partilharam com o Presidente João Lourenço preocupações sobre assuntos de âmbito religioso e social.

A presença de líderes religiosos no Palácio Presidencial, pela segunda vez, no espaço de 15 dias, de acordo com o secretário-geral da Aliança Evangélica de Angola, Alexandre Saul, em declarações aos jornalistas, à saída da audiência,é um demonstrativo da atenção, valor e prioridade que o Chefe de Estado dá às lideranças religiosas.

"Passamos por aspectos ligados aos problemas que a nossa sociedade, hoje, está a viver, como questões ligadas à pobreza e ao desemprego, que Sua Excelência prestou muita atenção, mas também à questão do autismo e a áreas específicas das igrejas”, disse o reverendo, na condição de porta-voz do colectivo, para em seguida acrescentar que a igreja se sente "regozijada” com a abertura do Presidente da República aos assuntos ligados aos sectores Sócio-económico, Político e Religioso.

"As igrejas têm, também, algumas preocupações, nomeadamente as que dizem respeito à subida das taxas em termos de importação de material religioso, a exemplo da Bíblia Sagrada, que deveria ter um preço bastante acessível para qualquer cidadão, porque nela encontramos a Palavra de Deus, que modela as sociedades. Ela (Bíblia) sai a um preço muito elevado”, deplorou.

O líder religioso assegurou que, em resposta à preocupação com as taxas de importação, "foram baixadas orientações” no sentido da criação de grupos técnicos específicos para o levantamento de todas as situações e analisá-las, para posterior tratamento.

O reverendo Alexandre Saul revelou, ainda, que com o Presidente João Lourenço foi abordada a situação dos cursos de Teologia, cuja preocupação da igreja se prende com o facto de, apesar de incluir conteúdos de sociologia e psicologia, os diplomas e finalistas não são reconhecidos, a nível da sociedade, para darem a sua contribuição ao crescimento económico e social do país.

"Nesse sentido, foi também tomada boa nota por parte do Senhor Presidente da República e, ali mesmo, dadas as orientações ligadas ao início do levantamento das escolas teológicas, bem como a sua listagem, para ver até que ponto estes cursos poderão ser, depois, aceites e os integrantes darem uma contribuição melhor à sociedade”, esclareceu.

Integrou a delegação religiosa, o bispo Gaspar João Domingos, em representação da Igreja Metodista Unida da Conferência Anual do Oeste de Angola; reverendo Alexandre Saul, pela Aliança Evangélica de Angola (AEA); reverendo Luciano Chianeque, da Igreja Evangélica Congregacional de Angola (LECA); reverendo Dinis Marcolino Eurico, da Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA); reverendo Alberto Daniel, da Igreja Evangélica Reformada de Angola (IERA), bispo Gerson Pimentel, da Igreja Josafat, e reverendo Nsumbu Luyindula, pela Igreja Baptista Livre.

50 anos de Independência

O secretário-geral da Aliança Evangélica de Angola referiu, por outro lado, ter feito também parte da conversa com o Presidente da República os 50 anos da proclamação da Independência Nacional, a ser celebrado a 11 de Novembro de 2025.

De acordo com o reverendo Alexandre Saul, existe a preocupação da igreja com o assinalar da efeméride, em 2025, razão pela qual dirigentes de igrejas reconhecidas e registadas pelo Governo marcaram presença no primeiro encontro com o Chefe de Estado, há 15 dias, tendo citado líderes da Aliança Evangélica de Angola, que representa 16 igrejas e, também, o Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), que representa outras 24 instituições religiosas, assim como o Fórum Cristão Angolano.