Economia
06 Junho de 2024 | 16h22

Pescas investem 58 mil milhões para novas lotas em cinco províncias

Os projectos do Ministério das Pescas e Recursos Marinhos, inseridos no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023/2027, estão avaliados em 58 mil milhões de kwanzas, com destaque para a construção de infra-estruturas pesqueiras no país.

De acordo com a ministra Carmem do Sacramento Neto, ontem, em Luanda, na 15ª edição do Café CIPRA "Diálogo Sem Mediação", os principais projectos do Ministério baseiam-se na falta de infra-estruturas de recepção do pescado, que é um tema muito importante e que deve ser rapidamente resolvido.

Neste momento, disse, o Ministério tem o registo de 68 cais privados de recepção de pescado, mas o que se sente é a falta da intervenção do Governo para intermediar a recepção do pescado que sai do mar para a comercialização.

Dados avançados pela ministra Carmen Neto assinalam que Angola produz 560 mil toneladas de pescado por ano, através de mais de seis mil barcos registados.

A 15ª edição do Café CIPRA "Diálogo Sem Mediação" abordou o "Investimento do Sector Pesqueiro e a sua contribuição para o Desenvolvimento Económico e Social” do país.

O encontro é uma iniciativa Centro de Imprensa da Presidência da República de Angola (CIPRA).

Carmen do Sacramento Neto indicou que as 560 mil toneladas anuais de pescado satisfazem a quota designada pela gestão actual. Realçou também a necessidade do sector estar a apostar na pesca artesanal. Sublinhou que as actuais quantidades de produção de pescado no país só poderão aumentar se houver maior aposta dos recursos e poderão baixar se os recursos diminuírem.

Segundo a ministra das Pescas e Recursos Marinhos, os projectos contemplam a construção de infra-estruturas de lota nos portos de Luanda, Namibe, Benguela, Porto Amboim (Cuanza-Sul), para que a presença do Governo se faça sentir nesses locais. "A ideia é que essas infra-estruturas sirvam de intermediação no momento da entrega do pescado pelo armador até à recepção para a sua comercialização. Para Cabinda, o projecto prevê a construção de infra-estruturas para pesca artesanal e semi-industrial, devido à existência da indústria petrolífera. Estes projectos já estão aprovados e estamos a trabalhar no desembolso dos financiamentos", destacou a ministra.

Acrescentou que o Ministério das Pescas e Recursos Marinhos adquiriu um financiamento de 30 milhões de euros para desenvolver projectos ligados à economia azul.

Importações direccionadas 

A ministra Carmem do Sacramento Neto reconheceu que o país continua a importar peixe do exterior, principalmente o bacalhau e o cacusso.

"Ainda estamos a fazer alguma importação, mas bem direccionada. Estamos a falar de dois tipos de pescado, o fresco e o seco", disse, adiantando que o Ministério está, neste momento, a fazer o controlo das quantidades e das disponibilidades que os aquicultores colocam no mercado nacional.

Indústria nacional

Por sua vez, o secretário de Estado para a Indústria, Carlos Manuel Carvalho Rodrigues, defendeu ser necessário que seja corrigida a tendência de importação, uma vez que o país gasta cerca de 80 milhões de dólares em artefactos de pesca para embarcações de pesca artesanal.

Carlos Manuel sublinhou que o país tem potencial para começar a produzir alguma matéria-prima, incluindo os artefactos essenciais e outros para apoiar o sector das pescas.

"Temos a possibilidade de implementar indústrias no país e se de facto as matérias-primas fossem produzidas localmente, dava-se, em Angola, um impulso significativo para o desenvolvimento da indústria nacional", apontou.

O governante sublinhou ainda que a indústria transformadora é o motor para a economia. Lembrou que o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) desembolsou, até à presente data, cerca de 96 mil milhões de kwanzas para projectos do sector das Pescas. Destes projectos, anunciou, 146 estão aprovados e 123 estão em fase de aprovação.

Angola perde cerca de 20 mil milhões de kwanzas/ano

Em relação ao combate à pesca ilegal em Angola, a ministra Carmem do Sacramento Neto disse que Angola perde cerca de 20 mil milhões de kwanzas por ano, o equivalente a mais ou menos 24 milhões de dólares.

Por essa razão, o Ministério das Pescas e Recursos Marinhos está a trabalhar arduamente para combater o fenómeno, disse a ministra.

"Temos um compromisso sério em várias frentes e estaremos sempre a combater tudo que tem a ver com a pesca ilegal no país, não só do ponto de vista da produção, mas também do ponto de vista da entrada da cadeia de valor", disse.

Segundo a titular da pasta das Pescas, a nível do mundo regista-se uma perda que ronda entre 1.650 mil milhões e dois mil milhões de dólares, com a pesca ilegal não regulamentada e não declarada.

Fonte: JA