Economia
30 Maio de 2024 | 16h41

Dívida soberana do país permanece sustentável

O representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou, terça-feira, em Luanda, que a redução do diferencial da dívida soberana de Angola, na ordem dos 650 pontos base, desde 2022, constitui um indicador plausível de que a dívida pública continua sustentável, apesar do risco de sobreendividamento.

Victor Lledo proferiu estas declarações na apresentação das "Perspectivas Económicas Regionais da África Subsariana" (um relatório semestral do FMI), sob o tema "Uma Recuperação Tímida e Dispendiosa", numa referência do documento à evolução da economia da sub-região continental.

Os riscos mais expressivos, segundo o representante do FMI, estão associados ao câmbio, dada a elevada percentagem da dívida em moeda estrangeira e à queda das receitas fiscais, dada a volatilidade do preço do petróleo, numa altura em que o Estado faz um importante esforço para diminuir o custo do endividamento, de forma a alargar prazos, e travar a exposição da dívida em moeda estrangeira.

A nível da região, frisou, quase um terço dos países regista taxas de inflação decrescentes, mas a ultrapassarem moderadamente a meta, o que pode justificar a falta de receptividade da política monetária para segurar a confiança na consecução da estabilidade dos preços.

Nesta situação, advertiu Victor Lledo, "os decisores de política devem ser firmes e tornar a política monetária mais restrita até que a inflação adopte uma trajectória claramente descendente" e as projecções da inflação regressem ao intervalo definido pelo Banco Central.

Referiu que a política monetária e orçamental até agora implementada permite aferir que Angola "está alinhada com o processo de  receptividade e combate à inflação", mas recomenda melhor comunicação em relação aos dados sobre a dívida.

Por outro lado, prosseguiu, "Angola, como a maioria dos países da África Subsariana, continua a enfrentar pressões cambiais, quando, por exemplo, entre Janeiro e Março de 2024, a Naira da Nigéria se depreciou em cerca de 35 por cento em relação ao dólar, enquanto o Kwanza, entre Maio e Junho do ano transacto, desvalorizou 40 por cento".

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, defendeu, no acto de apresentação do relatório, a adopção de medidas para controlar e estabilizar os preços nas economias da região da África Austral.

Manuel Tiago Dias afirmou que cerca de um terço dos países da região tem registado taxas de inflação de dois dígitos, sendo "notável mencionar a situação em Angola, que tem registado altas taxas de inflação desde o segundo semestre de 2023".

Fonte: JA