Internacional
23 Maio de 2024 | 17h00

Von der Leyen recusa "bater a porta" a migrantes, defendendo investimento

A candidata à presidência da Comissão Europeia Ursula Von der Leyen rejeitou hoje "bater a porta" aos migrantes, defendendo investimento nos países de origem e trânsito, enquanto o cabeça-de-lista socialista condenou o acordo com a Tunísia, "uma ditadura péssima".

A primeira coisa a fazer é investir nestes países", para que tenham condições para que as pessoas possam ficar, defendeu Von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia e 'spitzenkandidat' (candidata principal) do Partido Popular Europeu (PPE), num debate em Bruxelas com os cabeças de lista das principais famílias políticas europeias.

A União Europeia (UE) deve ainda "investir na educação" e "garantir corredores legais", prosseguiu a candidata de centro-direita.

"É esta a forma de lidar com estes países, não só exclui-los e bater com a porta", defendeu, depois de se referir ao que "está por trás [do fenómeno das migrações irregulares]: o crime organizado".

"Os que precisam de proteção e asilo, devem receber, mas somos nós, na UE, quem decide quem vem para a UE e em que circunstâncias. (...) Os que não são ilegíveis, devem voltar para casa", sublinhou, defendendo a necessidade de "vias legais e seguras".

No ano passado, exemplificou, houve um milhão de candidaturas de asilo, enquanto 3,7 milhões de migrantes entraram legalmente para o mercado de trabalho europeu.

O candidato principal dos Socialistas Europeus, Nicolas Schmit, disse concordar com o problema dos traficantes de migrantes, mas alertou: "Isso não é tudo".

O socialista, atual comissário do Emprego e Direitos Sociais, evocou o acordo da UE com a Tunísia, "uma ditadura especialmente péssima", onde "refugiados são empurrados para o deserto, espancados, alguns mortos".

Desafiado pelo candidato dos Liberais (Renovar a Europa Agora), Sandro Gozi, que recordou que metade da bancada dos socialistas votou contra o pacto para as migrações e asilo, Schmit disse que defende o acordo recentemente aprovado, mas admitiu que pode e deve ser melhorado.

"Mas sempre de acordo com os nossos valores. Se fizermos concessões, a Europa será enfraquecida", frisou ainda Schmit.

Pelo Renovar a Europa Agora (liberais), Sandro Gozi resumiu: "Quando as pessoas se arriscam a morrer no mar, vamos salvá-las, não lhes perguntamos qual é o estatuto, ponto final".

O candidato liberal defendeu a necessidade da cooperação e garantiu que "a Europa pode voltar a ter o controlo da migração".

Já Terry Reintke, dos Verdes, considerou que as migrações são um tema em que "um debate populista tóxico não ajuda".

"Estamos a envelhecer e precisamos de migração", considerou, defendendo ser necessário "gerir as migrações, criar vias seguras e ter um sistema de asilo resiliente para acabar com o caos nas fronteiras externas" da UE.

Walter Beier elencou a resposta da Esquerda Europeia a este problema: "Segurança social, educação, integração das pessoas no mercado de trabalho".

O candidato recordou o campo de concentração nazi de Auschwitz para considerar que rejeitar refugiados "é uma vergonha".

"Deveríamos ser solidários, estarmos prontos para receber estas pessoas com dignidade e respeitar os seus direitos humanos", salientou.

Os candidatos principais ('spitzenkandidaten') à presidência da Comissão Europeia participaram hoje num debate em Bruxelas, com a ausência dos representantes da extrema-direita, no terceiro e último frente-a-frente antes das eleições europeias, marcadas entre 06 e 09 de junho e nas quais votam quase 400 milhões de cidadãos dos 27 Estados-membros da UE.

Fonte: JA