Jay Shambaugh fez esta afirmação quando apresentava a visão dos EUA para dívida global e financiamento do desenvolvimento, no quadro das reuniões de Primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O subsecretário do Tesouro considerou os eventos uma oportunidade para integrar os balanços alargados das instituições financeiras com assistência técnica e liderança multilateral, a fim de progredir na sustentabilidade da dívida e no desenvolvimento sustentável.
Shambaugh falou de reformas nos sistemas de concessão e apelou o FMI a assegurar que os pacotes de alívio da dívida e o financiamento dos programas sejam proporcionais ao que os países precisam para alcançarem os seus objectivos.
O governante norte-americano referiu que os fluxos das instituições financeiras devem ser alinhados às prioridades, estratégias e planos dos países para ajudar a cultivar os recursos internos e os mercados de capitais.
O que muitas vezes acontece, disse, é que os países contraem empréstimos externos e assumem riscos de financiamento para cobrir défices orçamentais que não existiriam se fossem capazes de recolher recursos financeiros internos ao mesmo ritmo que os países desenvolvidos.
Segundo o subsecretário norte-americano, as reformas de mobilização de recursos internos também podem trazer moeda estrangeira, muito necessária, aliviando as pressões da balança de pagamentos com empréstimos em moeda forte.
Shambaugh explicou que o Tesouro dos Estados Unidos envia especialistas em gestão financeira pública para ajudar os governos em todo o mundo a reforçar a sua capacidade de angariar e gerir melhor os recursos internos, através da melhoria das receitas, do orçamento e da dívida.
"Um desses projectos em Angola gerou fluxos orçamentais de 125 milhões de dólares por ano. No mesmo espírito, prosseguiu, no ano passado, o Banco Mundial expandiu o seu apoio a reformas de mobilização de recursos internos que criaram espaço fiscal por meio de medidas de política de receita e administração. "Gostaríamos de ver outros bancos de desenvolvimento multilaterais, em coordenação com o Banco Mundial, a avançarem na mesma direcção”, exortou.
Progressos significativos
Jay Shambaugh referiu que a comunidade internacional fez progressos significativos nos últimos anos com o reforço dos instrumentos do FMI, dos bancos de desenvolvimento multilaterais, dos fundos fiduciários e dos Fundos Internacionais de Desenvolvimenrto para ajudar a evitar que o endividamento impeça os países em desenvolvimento de investir de forma ambiciosa e produtiva no desenvolvimento sustentável.
Com tal processo, explicou, um país comprometido com uma política macroeconómica sólida e com uma ambição sectorial para o desenvolvimento sustentável teria a capacidade de investir responsavelmente nas suas necessidades.
Segundo Jay Shambaugh, o FMI e o Banco Mundial poderiam restabelecer uma âncora política credível e uma via de desenvolvimento. Com isso, os credores oficiais comprometer-se-iam a conceder subvenções e financiamento concessional ao longo do caminho, juntamente com fundos de outros bancos de desenvolvimento multilaterais, maximizando o impacto destes fluxos de instituições financeiras.
Deste modo, disse, os fundos privados permaneceriam, igualmente, em alguns casos devido aos bancos de desenvolvimento multilaterais e a outras melhorias de crédito, de modo que os fundos das instituições financeiras não se limitariam a refinanciar dívidas privadas.