Desporto
28 Janeiro de 2024 | 15h03

Bravura das Palancas Negras garante passe aos “quartos”

A luva de "ferro do gigante" Dominique foi determinante para segurar o que a Selecção precisava para reentrar em jogo, no livre que originou a expulsão de Neblu aos 17’, castigado com um jogo de suspensão.

A defesa irrepreensível de Dominique valeu tanto quanto o bis oportuno de Gelson e a machadada final de Mabululu, ficaram golos por marcar, mas o 3-0 serviu para o merecido apuramento aos quartos-de-final.

A Namíbia não teve tempo para perceber bem o que lhe aconteceu, pois não conseguiu tirar proveito da vantagem numérica. Até certo ponto, foi a pressa de ir ao pote que originou a desorganização táctica aproveitada pela dupla Fredy/ Gilberto para o contra-golpe mortal. O capitão angolano  serviu numa bandeja longa o Gelson Dala e o guloso oportuno teve apetite aos 38’ para abrir o marcador.

As Palancas Negras ficaram mais do que energizadas porque dois minutos depois Haukongo viu o vermelho. Os Bravos Guerreiros ainda estavam a tentar fazer o reajuste táctico quando a assistência de canto de Fredy fez o Gelson Dala bisar de cabeça aos 42' para 2-0, resultado que levou as selecções ao intervalo.

O raio caiu duas vezes no Estádio da Paz, mas quem estava atordoada era a selecção namibiana, porque tudo de bom acontecia aos angolanos. Bem a controlar o ritmo, a Selecção Nacional não caiu na tentação de gerir a vantagem. O contrário aconteceu, pois a equipa nacional correu como se estivesse atrás do prejuízo, cada lance era como o último do jogo.

A insatisfação competitiva chegou e bastou para fazer mossa aos Bravos Guerreiros. Certamente, estavam à espera que as Palancas Negras abrandassem o lume do lume, mas a cada jogada a selecção abanava e metia mais lenha para impedir que o fogo se extinguisse em campo.

Com o estádio todo a puxar na mesma direcção, as Palancas Negras mostraram gratidão ao jogar para as bancadas, a vincar que eram donos e senhores da eliminatória. Estavam com o controlo total, mas encurtaram o adversário com a largura, comprimento e profundidade ofensiva, determinantes para uma segunda parte mais tranquila, na qual só existiu uma única equipa.

A bem da verdade, foi este espírito competitivo que deu grandeza as Palancas Negras para vulgarizarem os Bravos Guerreiros. O campo ficou inclinado e era tão acentuado o domínio angolano que as oportunidades de golos pareciam um replay. O impressionante caudal ofensivo levou de enxurrada a selecção namibiana, ficou pelas intenções e nunca constituiu perigo, em parte porque ficou sem soluções desde que sofreu o primeiro golo.

O terceiro tento era apenas uma questão de tempo, mas a assistência de Gelson Dala valeu tanto quanto o arco perfeito de Mabululu aos 66’. Ainda havia muito tempo para jogar e  oportunidades de tentar a goleada, mas o "perdão” ofensivo não poupou o adversário, porque nunca teve chances de entrar na discussão da eliminatória.

Pedro Gonçalves "Estamos felizes com o apuramento” 

O seleccionador nacional, Pedro Gonçalves, mostrou-se ontem feliz com a qualificação de Angola aos quartos-de-final.

O técnico dedicou, na conferência de imprensa, a vitória a todos aqueles que puxam pelas Palancas Negras. 

"Estamos felizes com a vitória e o consequente apuramento. Sabíamos que o adversário podia complicar e quando perdemos o Neblú no início, as coisas complicaram um pouco”, reconheceu.

Destacou o facto dos jogadores conseguirem manter a concentração e alcançar o resultado que todos os angolanos almejavam.

"Conseguimos alcançar o nosso objectivo que era vencermos o jogo e seguir em frente no CAN”, disse Pedro Gonçalves. 

O técnico português reiterou o apreço a todos aqueles que apoiam a Selecção Nacional, onde quer que esteja. 

"Sabemos que existem muitas pessoas que apoiam a selecção angolana, mesmo em Portugal, e dedicamos a todos essa vitória”, sublinhou. 

Pedro Gonçalves destacou o facto dos três sectores estarem interligados para o bem das Palancas Negras. 

"Não estou preocupado apenas com um sector. O aspecto defensivo começa com os avançados e termina nos defesas, por isso todos estão envolvidos. Temos mantido a consistência, e é com esta postura que devemos continuar na próxima eliminatória”, afirmou.

Jorge Neto|Bouaké 


MENSAGEM DO CHEFE DE ESTADO
"Começámos bem, Palancas! Estamos juntos”

O Presidente João Lourenço acompanhou, ontem, de perto, o jogo das Palancas Negras. Antes da partida, o Chefe de Estado deixou uma mensagem de encorajamento à Selecção Nacional. "No jogo decisivo de hoje, os milhões de angolanos estão convosco, confiantes nas capacidades e espírito de luta demonstrados. Estamos optimistas e confiantes na vitória. FORÇA PALANCAS! FORÇA ANGOLA!”. Numa outra mensagem, João Lourenço escreveu: "Começámos bem, Palancas! Estamos juntos”.

Vitória diante dos Camarões 
Angola cruza com a Nigéria

A selecção da Nigéria é o próximo adversário de Angola nos quartos-de-final, a disputar-se no dia 2 de Fevereiro (sexta-feira), no Estádio Félix Houhphet-Boigny, em Abidjan, mercê da vitória por 2-0, diante dos Camarões.

Os nigerianos entraram ontem confiantes e desfez o nulo, logo ao nono minuto, por intermédio de Semi Ajayi, mas o VAR entrou em acção e anulou o lance, por posição irregular.

Os golos do desafio foram apontados por Ademola Lookman, avançado da Atalanta, a figura do encontro, ao bisar. Abriu a contagem ao minuto 36, assistido por Victor Osimhen, e fechou a contagem aos 90', após cruzamento da esquerda de Calvin Bassey, jogador do Fulham.

A par do desafio entre Palancas Negras e Super Águias, destaque recai ainda para o duelo entre dois técnicos portugueses. Pedro Gonçalves, seleccionador angolano, e José Peseiro treinador dos nigerianos.

O jogo vai marcar o reencontro entre um campeão africano e uma selecção humildade que vai em busca do seu espaço no Campeonato Africano das Nações.