Internacional
04 Janeiro de 2024 | 09h51

EUA diz que líder do Hamas morto em Beirute era "um terrorista brutal"

O Governo norte-americano classificou hoje Saleh al-Arouri, o 'número dois' do movimento islamita palestiniano Hamas que morreu na terça-feira em Beirute, num bombardeamento atribuído a Israel, como um "terrorista brutal" com "sangue civil" nas mãos.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, realçou, em conferência de imprensa, que Al-Arouri era um "terrorista brutal", responsabilizou-o pelos ataques do Hamas em 07 de outubro contra Israel, onde 1.200 israelitas foram mortos.

Miller também o acusou de participar em ataques contra outros civis, noticiou a agência Efe.

O ataque contra Al-Arouri foi atribuído a Israel, embora este país normalmente não confirme ou negue este tipo de ações.

O porta-voz da diplomacia norte-americana realçou que não ter informações suficientes para apontar algum responsável pelo ataque à bomba ocorrido nos arredores de Beirute e encaminhou estas questões para o Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

No Líbano desde 2018, al-Arouri chefiou a presença do grupo palestiniano na Cisjordânia e esteve detido em prisões israelitas durante 12 anos antes de ser libertado em 2010, sendo-lhe atribuído vários ataques contra Israel a partir de solo libanês.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou matá-lo antes mesmo da atual guerra contra o Hamas.

Mais recentemente, foi um dos principais negociadores do Hamas na libertação dos reféns feitos pelo seu grupo no ataque contra Israel em 07 de outubro do ano passado.

O atentado, que causou a morte a outras cinco pessoas, ocorreu nos bairros do sul de Beirute, zona que representa um dos principais redutos do grupo xiita libanês Hezbollah e que não era atacada desde a guerra que travou contra Israel em o verão de 2006.

A fronteira israelo-libanesa vive atualmente o seu período de maior tensão desde a guerra travada entre o Hezbollah e Israel em 2006, na sequência da intensificação dos ataques por milícias pró-palestinianas, no dia seguinte à eclosão da guerra entre o Hamas e Israel, a 07 de outubro.

Desde o início das hostilidades na zona, registaram-se pelo menos 177 mortes: 13 em Israel -- nove soldados e quatro civis -- e 164 no Líbano, entre as quais as de 127 membros do Hezbollah, 16 elementos de milícias palestinianas, um soldado e 20 civis (incluindo três jornalistas e três crianças).

Israel destacou mais de 200.000 soldados para a sua fronteira norte, onde a violência também desencadeou a deslocação de milhares de habitantes, com cerca de 80.000 pessoas retiradas de comunidades do norte de Israel e mais de 70.000 que fugiram do sul do Líbano.

Em retaliação ao ataque sem precedentes do Hamas em 07 de outubro, Israel, que prometeu eliminar o movimento palestiniano, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local, já foram mortas mais de 22.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas acima de 57 mil, também maioritariamente civis.

O conflito provocou também em Gaza cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.