Internacional
16 Novembro de 2023 | 16h40

Comissária do Interior europeia avisa que Europa "paralisa" sem migrantes

A comissária europeia do Interior, Ylva Johansson, defendeu hoje que a zona euro precisa de migrantes, garantindo que "a Europa ficaria paralisada se os migrantes deixassem de trabalhar" na União Europeia (UE).

Sem os migrantes, a Europa sofreria" um revés, disse Johansson na Conferência de Alto Nível sobre migração legal, que se realiza hoje e sexta-feira em Madrid, sob a presidência europeia rotativa de Espanha.

A comissária sublinhou que a migração é uma questão "absolutamente crucial" para a Europa e que deve ser gerida de forma organizada.

"Caso contrário, o medo irá espalhar-se e a extrema-direita vencerá o jogo", alertou.

"A migração é administrável, normal e não nos deve assustar. Sim, pode haver problemas, desafios, mas lidamos com eles porque precisamos da migração, precisamos de a gerir, e é melhor fazê-lo juntos na Europa, porque é muito difícil para cada Estado-membro ter a sua própria política", analisou.

Johansson lembrou ainda que, no ano passado, entraram legalmente em território europeu 3,5 milhões de pessoas, número que fica muito além dos 370 mil que chegaram de forma irregular.

"Ninguém fala dos que chegam legalmente, mas são a maioria da migração para a Europa, a maioria veio por motivos de trabalho e é a rota que deve ser promovida. A rota irregular deve ser minimizada", acrescentou.

A comissária rejeitou que exista um controlo rigoroso de fronteiras na UE ou que as políticas europeias criminalizem os migrantes e sublinhou a importância de diferenciar "entre aqueles que cumprem os requisitos para permanecer e aqueles que não o fazem".

"Não creio que estejamos a violar quaisquer direitos fundamentais ou a construir uma fortaleza europeia", disse, defendendo que as idas irregulares para a Europa devem ser evitadas e que se deve "investir em canais legais" para uma migração segura e organizada.

A comissária europeia sublinhou ainda a importância da migração laboral tanto para a Europa como para os países de origem, que "também sofreriam" porque perderiam as remessas que os migrantes enviam para as suas cidades (65 mil milhões de euros no ano passado), e acrescentou que a necessidade de migrantes pela Europa "só vai aumentar à medida que a população envelhece".

Johansson recordou as "muitas comunidades que acolhem migrantes na Europa", embora tenha lamentado que "nem todas sejam de acolhimento", razão pela qual apelou à luta contra o racismo, considerando-o "um enorme obstáculo para a Europa ser verdadeiramente atrativa".

"Temos que lutar contra o racismo. A Europa precisa de migração", concluiu.

Fonte: NM