Em declarações ao Jornal de Angola, Inácio Chumbo, especialista em Relações Internacionais, disse que o encerramento de uma representação diplomática não significa, necessariamente, o rompimento das relações entre dois Estados, pois existem várias situações que podem levar um país a encerrar a missão.
De acordo com Inácio Chumbo, entre as razões está a redução de custos e a redefinição da estratégia política do país.
No caso concreto do encerramento da Embaixada norte-coreana em Luanda, os indicadores não apontam qualquer rompimento diplomático, mas sim a retirada de Angola da linha estratégica da política externa daquele país asiático, por pouco satisfazer os seus pressupostos económicos.
"Quer dizer que não há fundamentos relevantes para que a Coreia do Norte mantenha uma missão diplomática em Angola, pois a manutenção de uma missão implica vários custos para o país”, evocou Inácio Chumbo.
O também docente universitário explicou que a Convenção de Viena, de 1961, sobre as relações diplomáticas, reserva à Coreia do Norte a possibilidade de confiar a guarda das instalações, arquivos, interesses e, sobretudo, os cidadãos a um terceiro país, com a anuência do Governo angolano.
De acordo com o especialista, o cenário aponta a ausência de indícios do uso de instrumentos violentos da política externa e violação do protocolo diplomático, que levariam à Coreia do Norte a romper as relações com Angola.
No entanto, o Ministério das Relações Exteriores de Angola indicou, em comunicado, que a Embaixada da República Popular Democrática da Coreia anunciou, no fim da tarde da última quarta-feira, em Luanda, o encerramento unilateral da Missão Diplomática acreditada no país.
O anúncio foi feito por Jo Pyong Chol, até então embaixador extraordinário e plenipotenciário da República Popular Democrática da Coreia em Angola, durante um encontro com Téte António, ministro angolano das Relações Exteriores.
Segundo o comunicado, Jo Pyong Chol foi à sede do Ministério das Relações Exteriores, em Luanda, despedir-se do chefe da diplomacia angolana, afirmando que, por decisão da sua capital, Pyongyang, encerra a Embaixada deste país asiático em Angola e que o diplomata regressa à Coreia do Norte.
Na sequência, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, desejou ao diplomata norte-coreano sucessos no futuro posto profissional. Dados do Ministério das Relações Exteriores indicam que o embaixador Jo Pyong Chol serviu o país asiático durante cinco anos em Angola.
As relações entre Angola e a Coreia do Norte datam da Independência do país, a 11 de Novembro de 1975, e os dois Estados cooperam nos domínios da Saúde, Construção e Informação Tecnológica.
Fonte: JA