Ao discursar na cerimónia de abertura da 147ª Assembleia da União Interparlamentar, na tenda montada para a Baía da Marginal de Luanda, na presença de mais de 1.500 delegados provenientes de 130 países, o Chefe de Estado justificou a realização do evento mundial na capital angolana como forma dos angolanos contribuírem na resolução dos problemas globais da paz, justiça social, e promoção do intercâmbio entre os povos e nações.
João Lourenço referiu ainda que a organização da 147ª Assembleia da UIP, em Luanda, também é um tributo ao dinamismo da diplomacia parlamentar angolana junto das organizações internacionais e dos países da rede interparlamentar mundial, mérito que atribuiu aos deputados da Assembleia Nacional.
"A política externa da República de Angola reserva um amplo espaço de intervenção para a diplomacia parlamentar”, afirmou o Presidente da República na cerimónia, testemunhada pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, e a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa.
Ao lembrar que a Assembleia Nacional constitui o principal garante da consolidação do Estado Democrático de Direito, promoção das liberdades, direitos e garantias dos cidadãos e da aprovação das políticas de desenvolvimento económico e de inclusão social, o Chefe de Estado disse que a voz das mulheres, dos jovens e das minorias no Parlamento angolano representam a riqueza da diversidade da cultura nacional.
O
Chefe de Estado indicou, a propósito, que a democracia no país tem sido um
processo de constante evolução e superação, desenvolvido através das distintas
instituições do Estado democraticamente eleitas e instituídas, sendo a
cooperação e a articulação institucional saudável e determinantes para a
afirmação de Angola como país, que se destaca no concerto das nações.
Reconciliação e estabilidade
O Presidente João Lourenço apontou a reconciliação nacional e a estabilidade como "as maiores” conquistas do povo angolano, valores que têm sido transmitidos e partilhados com outros países, sobretudo das Regiões dos Grandes Lagos e Austral do Continente, onde se verificam alguns focos de instabilidade, violação da normalidade constitucional e a fragilização do tecido social e económico dos países em conflito.
Lembrou que Angola, enquanto presidente da SADC e da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, tem intensificado esforços diplomáticos para encontrar "soluções definitivas conjuntas”, com vista à normalização de "alguns dos conflitos” do continente africano.
"Estes problemas devem continuar a merecer a nossa incansável atenção e a manifesta intervenção com vista a proteger os nossos valores universais e melhorar a qualidade de vida e prosperidade para todos”, afirmou o Chefe de Estado.
A "magna reunião” acontece numa altura em que os povos do mundo em geral clamam por mais paz, justiça e instituições cada vez mais inclusivas e decisivas, mais actuantes na construção dos propósitos globais da comunidade internacional, referiu o Presidente ao elogiar o lema da Assembleia da UIP: "Acção parlamentar para a paz, justiça e instituições fortes”, o Presidente da República disse augurar que a acção parlamentar a ser desenvolvida ao longo dos cinco dias de trabalho, para além de gerar "profundas reflexões”, contribua para a construção e solidificação dos mecanismos de promoção da paz e da justiça social.
Consensos
na preservação da
paz internacional
Aos participantes na 147ª Assembleia da UIP, o Chefe de Estado apelou para a necessidade de se encontrarem consensos com vista à preservação da paz e segurança internacional, desenvolvimento sustentável e promoção dos direitos humanos. Felicitou, por isso, o "especial engajamento” das mulheres e jovens, através da realização dos fóruns paralelos dedicados a este segmento social.
João Lourenço valorizou o ciclo de reuniões paralelas que decorrerão sobre a igualdade de género e as reformas necessárias no Conselho de Segurança das Nações Unidas e nas principais instituições financeiras internacionais.
Estarão em debate temas sobre a segurança internacional, o engajamento dos deputados no diálogo, legislação, fiscalização, o papel dos parlamentos na promoção de uma cultura de transparência, contra a corrupção e o engajamento dos cidadãos para se restaurar a confiança nas instituições nacionais e internacionais.
Ainda sobre a agenda de trabalhos da Assembleia da UIP, João Loureço disse que os parlamentares vão reflectir sobre o desenvolvimento sustentável, temas sobre as parcerias para a acção climática, promoção ao acesso à energia verde a preços acessíveis, segurança alimentar mundial, assim como a contribuição dos parlamentares para a conferência da ONU sobre as alterações climáticas COP 28, que acontecerá no final deste ano.
Diplomacia
parlamentar
O Chefe de Estado valorizou a diplomacia parlamentar nos tempos de hoje, salientando que a mesma constitui "uma força inegável” das relações internacionais, lembrando que as questões mais candentes que afectam a Humanidade têm sido abordadas por parlamentares nos planos bilateral e multilateral.
"A União Interparlamentar tem-se afirmado como o palco privilegiado da diplomacia parlamentar”, enfatizou o Chefe de Estado, que manifestou o desejo de durante o evento e nas reuniões especializadas, os parlamentares aprofundarem os debates, identificando as debilidades, os progressos e os principais desafios, superando os mecanismos de cooperação interparlamentar e as bases para o intercâmbio multilateral que unem os esforços a favor da prosperidade dos povos do mundo.
Casal
presidencial oferece jantar
às delegações
Depois da cerimónia formal de abertura da 147.ª Assembleia-Geral da União Interparlamentar (UIP), que aconteceu na Marginal de Luanda, as delegações foram à Cidade Alta para participar de um jantar oferecido pelo Casal Presidencial.
No acto, decorrido nos jardins do Palácio Presidencial, os parlamentares foram brindados com actuações da banda Nguami Maka, bem como dos cantores Afrikanita, Lulas da Paixão, Tony do Fumo Filho e do guitarrista Texas.
No final, o vocalista da banda Nguami Maka, Jorge Mulumba, ofereceu dikanzas ao Casal Presidencial, numa iniciativa a ser estendida a todos participantes na 147ª Assembleia da UIP.
O Presidente da República defendeu a criação efectiva do Estado da Palestina para o fim definitivo do ciclo de ódio e violência que actualmente se assiste no conflito entre Israel e a Palestina, que o mundo "assiste impotente” ao longo de décadas e que já fez verter muito sangue de cidadãos dos dois países.
"Não serão os canhões que trarão a paz definitiva ao Médio Oriente, será a diplomacia, mas sobretudo a vontade e a capacidade do mundo, em particular dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em cumprir com as suas próprias resoluções, de criar o Estado da Palestina”, sublinhou o Chefe de Estado.
João Lourenço disse que a voz dos parlamentares do mundo será ouvida a partir da cidade de Luanda, apelando para o fim do conflito no Sudão, Ucrânia e no Médio Oriente. "É urgente que se calem as armas e se dê lugar à diplomacia, para que se salvem as vidas dos civis, de crianças, mulheres e velhos e se evite uma catástrofe humanitária nesses conflitos”, afirmou o Chefe de Estado.
Para amenizar a dor e o sofrimento dos povos israelita e palestiniano, o Chefe de Estado apelou para que sejam rebuscadas as causas profundas do conflito entre Israel e a Palestina, que dura há mais de 75 anos e que deixou milhões de palestinos sem terra, sem pátria e sem a possibilidade de regresso para a terra que sempre lhes pertenceu.
Fonte: JA
