As cerimónias fúnebres nunca são para apenas um familiar, ou sequer dois. Mohammad Al-Laham contou à Reuters, enquanto tomava conta da neta de quatro anos, Fulla Al-Laham, que um ataque aéreo atingiu a casa da família, matando 14 pessoas, incluindo os pais, irmãos e membros da família alargada da criança.
"De repente, e sem aviso, bombardearam a casa com todos os residentes no interior. Ninguém sobreviveu excepto a minha neta", lamentou.
Em Khan Younis, Mohamed Abo Dakka disse que a sua família ainda se encontrava debaixo dos escombros, mas não há materiais para retirar os corpos ou verificar se há sobreviventes. "Perdi o meu filho, os meus primos, a família toda".
Já Nasser Abu Quta, que vivia em Rafah, perdeu 19 familiares. "Isto era uma casa segura, com crianças e mulheres. Primeiro o pó abalou a casa. Depois houve gritos. Ficamos sem paredes, ficou tudo aberto", disse à Associated Press.
E Muhammad al-Najjar, membro da autoridade jurídica local, perdeu ontem 15 familiares.
Histórias como estas vão-se multiplicando, com as forças de Israel na Faixa de Gaza, impulsionadas pelos ataques do Hamas em território israelita (que mataram cerca de 1.400 israelitas), a largarem mais bombas no espaço de uma semana do que os Estados Unidos largaram por ano ao longo de toda a guerra do Afeganistão. Muitas famílias em Gaza moram todas juntas numa única habitação, dado o muito pouco espaço para a grande densidade populacional da região, onde cerca de 2,3 milhões de palestinianos vivem numa área mais pequena do que a área do concelho de Barcelos.
Segundo os dados do Ministério da Saúde palestiniano, 45 famílias foram apagadas do registo civil, com todos os membros e todas as gerações mortas pelos ataques israelitas.
Uma grande parte dos mortos, mais de 700, são crianças - morreram mais crianças em uma semana do que ao longo de toda a guerra na Ucrânia. Para este número é importante a demografia da Faixa de Gaza, onde metade da população tem menos de 18 anos e 40% tem menos de 14 anos.
Fonte: NM