Na reunião da Comunidade Política Europeia (CPE) estiveram delegações de cerca de 50 países, incluindo os 27 da UE e os presidentes da Comissão, do Conselho e do Parlamento Europeu, Ursula von der Leyen, Charles Michel e Roberta Metsola, respetivamente.
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, que esteve nas cerimónias do 05 de Outubro, não esteve nas sessões de debate da cimeira, mas irá participar numa visita e num jantar no palácio Alhambra, em Granada, dos líderes da CPE, acompanhados pelos Reis de Espanha.
Inicialmente estava previsto que a cimeira terminaria com uma declaração conjunta aos jornalistas, antes da visita e do jantar no Alhambra, do anfitrião, o primeiro-ministro de Espanha em funções, Pedro Sánchez, do anfitrião que se segue, o líder do Governo britânico, Rishi Sunak, e da anterior, a Presidente da Moldova, Maia Sandu.
Essas declarações em conjunto foram, porém, canceladas, com fontes europeias a justificarem com motivos de agenda do primeiro-ministro britânico que obrigaram Sunak a deixar Granada logo após os debates.
O encontro de hoje teve três eixos de debate, em torno dos quais houve mesas redondas dos líderes presentes, em sessões fechadas à comunicação social.
Esses três eixos foram a digitalização e, em especial, os desafios e benefícios da Inteligência Artificial; a energia e o ambiente; e o multilateralismo.
Em declarações aos jornalistas à chegada ao encontro e nas intervenções de abertura da cimeira, a generalidade dos líderes europeus reiteraram o apoio à Ucrânia, cujo Presidente, Volodymyr Zelensky, esteve também hoje em Granada.
O Presidente ucraniano pediu aos líderes europeus "um escudo de defesa para o inverno" contra a Rússia, dados os diferentes tipos de ataques, realçando a necessidade de "salvar a unidade da Europa".
"A Rússia vai atacar-nos com informações, desinformação, entre outros, é por isso que é importante que a Ucrânia disponha de um escudo de defesa para o inverno", disse Volodymyr Zelensky.
Outro dos temas que marcou as declarações dos líderes à entrada para o encontro foi a situação em Nagorno-Karabakh, território alvo de uma ação militar por parte do Azerbaijão em 19 de setembro, levando à fuga de milhares de pessoas para a Arménia.
Ao contrário do que era esperado até há poucos dias, não houve um encontro entre os líderes da Arménia e do Azerbaijão hoje em Granada, porque o Presidente azeri, Ilham Aliyev, cancelou a participação na cimeira da CPE.
A Presidente da Comissão Europeia anunciou a duplicação, para 10,4 milhões de euros, da ajuda humanitária da Europa à Arménia, para responder às necessidades humanitárias geradas pela chegada ao país de 100 mil arménios residentes em Nagorno-Karabakho.
Von der Leyen disse que teria um encontro bilateral hoje em Granada com o primeiro-ministro arménio e lembrou que a UE condenou de imediato a ação militar do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh.
"Apelámos à retoma do diálogo e a uma solução pacífica. É nisso que estamos a trabalhar", acrescentou, dizendo ainda: "É importante para nós o apoio à Arménia".
O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, lamentou, por seu turno, a ausência em Granada do Azerbaijão e da Turquia, "que é o principal país que apoia o Azerbaijão".
"Por isso, não poderemos falar aqui de algo tão grave como o facto de que mais de 100 mil pessoas tenham sido obrigadas a abandonar as suas casas", disse Borrell, aos jornalistas.
"Condenamos os actos de força militares para resolver os conflitos, ajudamos os refugiados e esperamos que, em Bruxelas, possa haver reuniões entre Arménia e Azerbaijão para evitar que o conflito progrida e para estabilizar politicamente a Arménia", acrescentou.
Além do encontro bilateral com Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro da Arménia teve outro com o Presidente de França, Emmanuel Macron, o líder do Governo da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente do Conselho europeu, Charles Michel.
Michel disse aos jornalistas que não há lugar à rendição na procura de um acordo entre a Arménia e o Azerbaijão, apesar dos "contratempos".
"A diplomacia europeia está a funcionar. É extremamente importante não nos rendermos, nunca nos rendermos. E penso que os esforços diplomáticos são necessários, incluindo quando há dificuldades, incluindo quando há contratempos", afirmou.
Fonte: NM