Cultura
27 Setembro de 2023 | 16h01

Angola arrebata 36 peças de artesanato durante leilão

A Embaixada de Angola em Portugal, em representação do Estado e devidamente mandatada, arrebatou 36 das 38 peças de artesanato nacional que foram leiloadas em Lisboa pelos herdeiros do engenheiro Elísio Romariz dos Santos Silva, um coleccionador de arte português que residiu em Angola e as foi comprando durante vários anos.

A recuperação destas 36 peças, em leilão de um coleccionador privado, realizado na segunda-feira, que acontece pela primeira vez, desde a Independência Nacional, vai enriquecer o acervo cultural de Angola, naquilo que a Embaixada de Angola e Portugal considera, em nota, a recuperação e preservação da cultura nacional, das artes e do seu significado para cada povo. "Trata-se, também, de um modo de afirmação da defesa da identidade e da salvaguarda do nosso património”, acrescenta o documento.

O empenhamento da Embaixada de Angola em Portugal na recuperação do maior número de peças desta colecção insere-se no esforço nacional para que as futuras gerações tenham contacto directo com o artesanato nacional, elaborado nas décadas de 50, 60 e 70 e assim reforcem as suas raízes culturais.

Uma das duas peças que não foram arrebatadas por Angola, devido ao elevado preço de licitação (110 mil euros), é uma máscara "Mwana Pwó”, que figura nos apontamentos impressos distribuídos aos licitadores como "A Escultura Tribal dos Povos Bantu”, versão actualizada de 1995, do trabalho com o título "A Escultura Negro-Africana Vista à Luz da Filosofia Bantu”, que o autor apresentou, em 1971, por ocasião dos XXII Jogos Florais da Câmara Municipal de Nova Lisboa (Huambo).

Foi no Museu Regional do Dundo que o engenheiro Elísio Romariz dos Santos Silva estabeleceu os contactos que lhe permitiram aprofundar o interesse pela cultura angolana, tendo participado na criação do Museu de Etnografia do Lobito, refere ainda a nota da Embaixada de Angola em Portugal.


Fonte: JA