Economia
17 Agosto de 2023 | 15h56

Cabinda vai ter plataforma construída no Cuanza-Sul

A construção de uma plataforma petrolífera para a exploração do crude no campo Ndola Sul, em Cabinda, foi lançada, nesta quarta-feira, no Estaleiro Atlântico da cidade de Porto-Amboim, província do Cuanza-Sul, num acto presidido pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo.

A construção de uma plataforma petrolífera para a exploração do crude no campo Ndola Sul, em Cabinda, foi lançada, nesta quarta-feira, no Estaleiro Atlântico da cidade de Porto-Amboim, província do Cuanza-Sul, num acto presidido pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo.
A sessão inaugural foi marcada pelo primeiro "corte de aço” efectuado pelo mi-nistro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, dando assim  início ao processo de produção, que vai estar  sob  responsabilidade da construtora Algoa e gerar  850 postos de trabalho directos nas províncias do Cuanza-Sul e de Cabinda.

Na apresentação sumária do projecto, cuja conclusão está aprazada para finais de 2025, o director-geral da Cabinda Gulf Oil Company, Limited (CABGOC), subsidiária da Chevron, Billy Lacobie, reconheceu  que o acto constitui uma grande conquista para o sector petrolífero. "Estamos perante uma conquista. A implementação do projecto Ndola Sul traz valências para futuros projectos a serem executados por angolanos e para Angola”, realçou.

Sem revelar o montante financeiro envolvido para a  construção da plataforma, Billy Lacobie destacou o fabrico  e a sua inserção no Campo Ndola Sul, sublinhando que respondem à estratégia centrada no desenvolvimento de projectos de baixo custo e ciclo curto, bem como de estruturas simplificadas.

Segundo o director-geral da Cabinda Gulf Oil Company, depois de concluída, a plataforma – que terá capacidade para produzir 25 mil barris de petróleo bruto por dia -, vai operar no Bloco O, a 60 quilómetros do Terminal de Malongo, na província de Cabinda.

Billy Lacobie reconheceu que o facto de o projecto ser executado por técnicos angolanos vai proporcionar a afirmação dos quadros nacionais no desenvolvimento da indústria petrolífera em Angola.

Neste sentido, defendeu que a sua implementação  vai permitir "reactivar as infra-estruturas existentes nestas localidades, manter activa a força de trabalho  das empresas  envolvidas  no projecto,  contribuir  para melhorar a competitividade do negócio no país, bem como aumentar a participação do empresariado  nacional na prestação de serviços e fornecimento de bens para a industria petrolífera”.

Transferência do know-how

Visivelmente satisfeito, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás destacou a construção da plataforma na província do Cuanza-Sul como sendo "uma conquista e uma afirmação de técnicos nacionais na indústria petrolífera”.

Diamantino Pedro Azevedo salientou que "está lançado o desafio para a execução de  um projecto de tamanha dimensão para o país, em particular para a província do Cuanza-Sul”.

O titular da pasta dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás explicou que as companhias internacionais de petróleo em Angola sempre mostraram interesse em transferir o know-how para especializar os técnicos angolanos. "De um tempo a esta parte foi notório o investimento realizado pelas empresas estrangeiras afectas ao sector petrolífero,  com a introdução  de novas tecnologias, transferência de know-how especializado, inovação, potenciação, treinamento e capacitação de quadros nacionais”, vincou, sublinhando que "hoje começamos a colher os frutos”.

Diamantino Azevedo reconheceu que a cooperação com empresas parceiras estrangeiras tem permitido ao sector petrolífero nacional e ao Executivo "a  implementação de acções”, estabilizar e dinamizar  a actividade petrolífera. "Temos de reconhecer que a parceria na indústria petrolífera tem  contribuido para atenuar o declínio acentuado da produção,  manter a conectividade do sector e dos níveis de produção de petróleo bruto  acima de um milhão de barris por dia”, frisou.

Para terminar, o ministro deixou claro que "o projecto Ndola Sul  vai contribuir para o aumento da produção de petróleo bruto no país, o fornecimento de gás para a Angola LNG, no Soyo, além de trazer benefícios fiscais a favor dos cofres do Estado.

Na cerimónia, destaque também para a presença  do governador da província do Cuanza-Sul, Job Capapinha,  e do  PCA da Sonangol, Sebastião Martins.

  PROGRESSOS
Refinaria realiza testes ao sistema de tubagem

Os testes no sistema de tubagem da Refinaria de Cabinda começam, nos próximos dias, anunciou numa reportagem emitida pela Televisão Pública de Angola (TPA) o director do projecto, Jorge Ferreira, adiantando que a principal unidade de processamento de derivados de petróleo está concluída técnica e fisicamente na ordem dos 26 por cento.

De acordo com o director do projecto da Refinaria de Cabinda, a primeira fase da construção está financiada no valor de 473 milhões de dólares, "o ritmo da obra é considerável e neste mo-mento temos um progresso de 35 por cento da sua execução civil.

Destaca-se o progresso da construção da unidade atmosférica, cuja montagem está na fase de conclusão e preparada para ser energizada até ao arranque das operações”, apontou Jorge Ferreira.

Dos oito tanques com capacidade para 10 a 110 mil barris de petróleo, em construção, cinco já estão concluídos, em operações executadas por mão-de-obra maioritariamente constituída por jovens angolanos residentes na província de Cabinda.

Informou que a conclusão mecânica do projecto deverá ocorrer em Dezembro de 2024. A seguir, dar-se-á início ao comissionamento, o qual poderá levar de um a três meses antes do arranque da produção.

Jorge Ferreira disse que a Refinaria de Cabinda vai produzir Nafta, Jet 1, gasóleo e gasolina. "A meta é atingir o processamento de 30 mil barris de petróleo por dia”, disse.

Capital disponível

As primeiras notícias sobre a conclusão do pacote financeiro para a construção da Refinaria de Cabinda surgiram na primeira semana de Julho, quando a britânica Gemcorp, accionista maioritária, com uma participação de 90 por cento, revelou que tinha reunido todo o financiamento necessário para a empreitada.

O presidente executivo do Gemcorp, Atanas Bondjadjiev, indicou, naquela altura, um acordo pelo qual a companhia, enquanto "patrocinador do investimento”, entra com 135 milhões de dólares.

Um sindicato de bancos constituído pelo Africa Finance Corporation (AFC), Afreximbank Industrial Development Corporation (IDC), da África do Sul, o Arab Bank for de Economic Develepment in Africa (BADEA) e o Banco de Fomento Angola (BFA) entram com outros 335 milhões para a construção, constituindo os 473 milhões de dólares necessários.

O projecto foi lançado há dois anos e, de acordo com Atanas Bondadjiev, "não está atrasado”, pois, durante esse período, "foram feitas várias coisas para acelerar” o processo tecnológico, mas antes foi  concluído o processo de financiamento.

Fonte: JA