Economia
21 Maio de 2023 | 09h43

Belgas e espanhóis querem investir mais de 500 milhões de euros no sector produtivo

Os empresários belgas e espanhóis têm disponíveis mais de 500 milhões de euros para investirem na província do Cuando Cubango, nos sectores da Saúde, Educação, Agricultura, Indústria e Vias de Comunicação.

A informação foi avançada pela presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola - Bélgica, Isabel Soares da Cruz, no final de um encontro que manteve com o governador do Cuando Cubango, José Martins, para apresentar a intenção manifestada pelos empresários belgas e espanhóis.

Isabel Soares da Cruz explicou que a visita ao Cuando Cubango teve como objectivo principal abordar com o governo local sobre os vários projectos que já têm financiamentos disponíveis para se implementar na província.

Garantiu que a Câmara de Comércio e Indústria Angola e Bélgica já encontrou financiamento para se investir nas áreas do agronegócio, transformação da madeira e construção de infra-estruturas, sobretudo rodoviárias.

Fez saber que as empresas da Bélgica e da Espanha que pretendem investir no Cuando Cubango já trabalham no mercado nacional há mais de 15 anos e com bancos de referências nos seus países.

"Vimos que existem muitas debilidades na província e por isso, é que queremos solucionar os problemas que encontramos aqui, como a falta de estradas, empresas de engarrafamento de água mineral e de transformação da madeira, assim como a escassez de fornecimento de energia eléctrica e água potável”, apontou.

Isabel Soares da Cruz disse que o Cuando Cubango, sendo a segunda província maior de Angola e com rios em todos os municípios, não é possível que até agora não conta com nenhuma fábrica de engarrafamento de água mineral e que o produto vem de outras regiões do país.

Sublinhou que esta situação é muito preocupante, porque não é possível uma província com muitos recursos hídricos e não ter nenhuma fábrica de engarrafamento de água mineral.

Referiu que outra situação preocupante é o facto de a província em termos de recursos florestais ser uma das maiores do país, mas que também não existe nenhuma fábrica de transformação de madeira.

Isabel Soares da Cruz destacou que o estado avançado de degradação das vias de acesso na província faz com que muitos camponeses não consigam escoar os seus produtos do campo para a cidade e esta situação tem também contribuído negativamente para que muita produção estrague nas áreas de cultivos.

"Isto é muito preocupante e queremos que haja o financiamento destes projectos para impulsionar o desenvolvimento socioeconómico do Cuando Cubango e empregar milhares de jovens que se encontram actualmente no desemprego”, disse.

Informou que vai reunir com os responsáveis do Gabinete Provincial do Desenvolvimento Económico Integrado e da Câmara de Comércio e Indústria do Cuando Cubango para se definir as necessidades urgentes que existem na província para serem executadas de imediato.

"Pretendemos que dentro de quatro ou cinco meses, se não existir nenhuma burocracia, estes projectos começam a ser financiados e executados”, disse.

Isabel Soares da Cruz garantiu que os empresários belgas e espanhóis estão abertos a investirem mais projectos na província do Cuando Cubango, como nas áreas da Agricultura,Saúde, Educação e Energia e Água.

Salientou que neste momento a grande prioridade é trazer os mais de 500 milhões de euros que já estão disponíveis para a implementação de projectos ao critério do governo local e das empresas financiadoras.

"Nós pretendemos investir nos nove municípios que compõem a província do Cuando Cubango, no sentido de se melhorar o a ambiente de negócio para fomentar mais o desenvolvimento e oportunidades de emprego”, assegurou.

 

  Falta de energia eléctrica trava agro-negócio

A presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola - Bélgica disse que existem muitos empresários belgas interessados a investirem no Cuando Cubango no ramo do agro-negócio, mas o grande problema é a falta de infra-estruturas, com realce para o fornecimento de energia eléctrica e água potável.

Citou como exemplo que alguém que quer investir no agronegócio, sem estes serviços que custam valores avultados, não é possível criar fábricas de diversos produtos agrícolas para a exportação.  

Garantiu que por este facto o melhoramento do fornecimento de energia eléctrica e água potável deve constar nas linhas de prioridades de financiamento, para atrair mais empresas e também contribuir no bem-estar social da população.  

Elogiou a forma como foi recebida pelo governador do Cuando Cubango, José Martins, que apresentou o quadro actual da província e as principais soluções para o seu desenvolvimento socioeconómico.

Acrescentou que recebeu do governador da província apoio institucional para que os projectos possam ser executados sem qualquer constrangimento. Fez saber que já existem projectos financiados por esta linha de crédito dos empresários belgas nas províncias da Huíla e Cabinda.

"Agora queremos privilegiar o Cuando Cubango e potenciar a mesma como segunda maior província de Angola, para que possa sair do marasmo em que se encontra actualmente e que carece de tudo um pouco”, disse.

Na sua visão, o financiamento disponível dos empresários belgas e espanhóis vem em boa hora para resolver os principais problemas que a província enfrenta em termos de escassez de hospitais, escolas, estradas asfaltadas, fornecimento de energia eléctrica e água, assim como fábricas e indústrias transformadoras. A Câmara de Comércio e Indústria Angola - Bélgica controla cerca de 40 empresas.

 

Mais financiamentos

O director em exercício do Gabinete Provincial do Desenvolvimento Económico Integrado, Afonso Mucanda disse que o Cuando Cubango precisa de mais investimentos para a exploração dos seus recursos minerais, hídricos, florestais e faunísticos.

"Nós temos a necessidade de promover a questão da empregabilidade local, com a criação ou implementação de diversos projectos nestas áreas que a província tem um grande potencial”, destacou.

Segundo Afonso Mucanda, os investimentos que se pretendem vão surtir grandes benefícios, sobretudo para alavancar o desenvolvimento da província em vários sectores, como do comércio, Indústria, Recursos Minerais, Agricultura e reabilitação de estradas.

 

Prioridades

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Cuando Cubango, Longui António Bongo, disse que todos os projectos que são direccionados para a província são bem-vindos, na medida que esta região precisa conhecer um desenvolvimento socioeconómico que tanto se almeja, sobretudo com a reabilitação de estradas asfaltadas.

Sublinhou que a rede viária na província é quase inexistente, tirando Menongue, Cuito Cuanavale e Cuchi que estão ligadas por estradas asfaltadas, sendo que nas restantes localidades circula-se em picadas.

"Com esta linha de crédito uma vez concretizada, temos a certeza que vai impulsionar maior desenvolvimento ao Cuando Cubango e com isto as empresas locais sairão a ganhar no transporte dos seus bens e produtos de um lado para o outro”, disse.

Longui António Bongo defendeu que nesta linha de crédito a prioridade fosse dada numa primeira fase a rede viária, tendo em vista que não se pode desenvolver nenhuma localidade quando as vias de acesso estão em péssimas condições.

Lamentou o facto da banca local não apoiar os empresários em termo de crédito para que possam desenvolver melhor os seus negócios. Segundo Longui António Bongo, existem muitas empresas que remeteram os seus projectos a banca, mas que nunca foram financiados ou atendidos.

A Câmara de Comércio e Indústria do Cuando Cubango controla 96 empresas, sendo que na sua maioria faliram devido à crise económica e financeira, assim como por causa da pandemia da Covid-19 que assolou bastante o país.

Fonte: JA