Ensino
15 Maio de 2023 | 17h05

Secretário de Estado admite ser desfavorável qualidade de ensino superior

O secretário de Estado para o Ensino Superior, Eugénio da Silva, admitiu, esta segunda-feira, “ser ainda incipiente e desfavorável” o quadro actual do sector no país, no que diz respeito à garantia da qualidade educativa.

Eugénio da Silva falava sobre os desafios do ensino superior em Angola, na sessão de abertura do I Simpósio Internacional do Instituto Superior Politécnico Católico (ISPOC) do Huambo, que decorre sob o lema "Investigar para desenvolver”, no quadro das comemorações dos cinco anos de existência da instituição universitária.

Na ocasião, o responsável fez saber que o sector conta com o funcionamento de 100 instituições de ensino superior, sendo 69 de natureza privada e 31 públicas, das quais 22 universidades, 70 institutos, sete escolas superiores técnicas e politécnicas e uma academia, que albergam, no presente ano académico, 435 mil estudantes.

Do ponto de vista metodológico, informou que ministram mil 200 cursos de graduação, 172 cursos de pós-graduação (mestrados e especialização) e 12 doutoramentos, este últimos, apenas nas públicas, nos vários domínios do saber, cujas aulas são asseguradas por 11 mil 400 docentes (seis mil 800 nas instituições privadas e quatro mil 600 nas estatais).

O secretário de Estado disse serem, ainda, inúmeros os factores que comprometem o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de ensino neste subsistema, desde a falta de condições objectivas, com destaque para o número insuficiente de instituições, cursos, escassez de laboratórios para as aulas práticas, bem como o exíguo número de docentes, aliado à fraca qualificação.

No capítulo particular dos docentes, referiu que dos 11 mil 400 controlados, apenas 11 por cento são doutores, 35 mestres, enquanto os demais 53 por cento são licenciados.

Esta realidade, segundo o responsável, é muito pouco favorável para se desenvolver o ensino, fundamentalmente a investigação, situação que tem sido agravada pela falta de condições de investigação, pois a maior parte das instituições apresentam fracos acervos bibliotecários.

Por conta disso, se considera de incipiente e desfavorável o quadro actual do sector no país, no que diz respeito à garantia da qualidade ensino, pois é difícil cumprir cabalmente a tripla missão das instituições universitárias, consistentes no ensino, investigação e extensão, por dificultarem os processos de docente/educativo, investigação e implicações negativas na qualidade dos processos.

"Sentimos que o ensino/aprendizagem no sector ainda são frágeis, não se cumpre cabalmente a missão de formar profissionais com um perfil adequado às exigências do mercado”, acrescentou.

De acordo com o secretário de Estado, o desenvolvimento qualitativo do ensino superior está relativamente comprometido, apesar de apresentar um potencial assinalável, o que exige a efectivação de inúmeros desafios nos domínios da gestão das pessoas, dos processos e das infra-estruturas.

Entre os mesmos, destacou a necessidade da melhoria da qualificação académica e diferenciada dos docentes, assim como a avaliação contínua do seu desempenho, a revisão dos planos curriculares, a instalação dos laboratórios equipados com tecnologias de pontas e a aposta dos estágios curriculares, para além da melhoria do perfil de entrada dos estudantes ao ensino superior.

Por sua vez, o arcebispo do Huambo e chanceler do ISPOC, Dom Zeferino Zeca Martins, apelou às instituições universitárias para a necessidade de estarem mais ao serviço do cidadão, transmitindo conhecimentos de vida e de desenvolvimento das comunidades.

Os participantes ao Simpósio, com duração de três dias, estão a analisar temas como "A agenda da política económica da diversificação da economia em Angola”, "O estado actual da economia industrial e agro-industrial em Angola”, "A importância do conceito de justiça social e de ética na liderança e gestão financeira”, "Direito, sociedade e religião”.

Constam da agenda do certame "O acordo quadro na relação igreja - Estado em Angola e”, "O funcionamento dos tribunais em Angola e seus desafios de hoje”, "O estado actual da língua portuguesa em Angola”.

 O Instituto Superior Politécnico Católico do Huambo, em funcionamento desde 2018, tem matriculado um total de dois mil e 30 estudantes que frequentam os cursos de Didáctica de Ensino da Língua Portuguesa, Contabilidade e Administração, Gestão de Empreendedorismo, Serviço Social, Linguística Inglesa, Direito, Economia Agrária e Filosofia. VKY/ALH

Secretário de Estado para o Ensino Superior, Eugénio da Silva © Fotografia por: Valentino Yequenha (Angop)

Fonte: Angop