Política
15 Maio de 2023 | 08h49

País tem potencial para dar resposta à procura energética na região austral

O crescimento da indústria de petróleo e gás no país tem potencial para atender à crescente procura regional de energia. A informação consta num relatório da Consultora Africana de Energia.

Segundo o documento, com o país a deter cerca de 27 triliões de pés cúbicos de gás natural e 7,8 mil milhões de barris de reservas de petróleo, e com a África Subsaariana a representar uma das taxas de acesso à energia mais baixas a nível mundial, os desenvolvimentos no sector a jusante de Angola prometem novas oportunidades para os avanços na segurança energética, crescimento sócio-económico e industrialização, estimulando a transição energética por meio de combustíveis fósseis.

A instituição afirma ainda que, através da modernização e expansão das instalações existentes a jusante, bem como da construção de novas capacidades de refinação, Angola está bem posicionada para se tornar na principal fonte de produtos petrolíferos da região.

Na sequência da modernização e expansão da Refinaria de Luanda, única refinaria em operação em Angola, de 100.000 toneladas para 450.000 toneladas de gasolina por ano em 2022, o país iniciou três novos projectos que visam aumentar ainda mais a capacidade da sua refinaria para atender tanto a procura local, como as necessidades regionais, lê-se no documento.

Esses desenvolvimentos incluem a construção da Refinaria de Cabinda (920 milhões de dólares) para processar  60 mil barris de petróleo bruto por dia, que está programada para iniciar em meados de 2024, a Refinaria do Lobito, para processar 200mil barris e que deve iniciar as operações em 2025, assim como a Refinaria do Soyo (3,5 mil milhões de dólares), para 100 mil barris/dia, que a ser concluída até ao final de 2023 começa a produzir em 2024, lê-se no documento. Com essas novas adições, prossegue o relatório, espera-se que Angola aumente significativamente a sua capacidade de refinação para abrir uma nova era de estabilidade do mercado regional de energia , independência e acessibilidade.

 

Infra-estruturas

ligam Angola à Região

Apoiado pela localização estratégica do país – que permite abastecer o mercado regional através de estradas, infra-estruturas de oleodutos e mar – o sector downstream de Angola tem um papel importante a desempenhar na capacitação do país para fornecer energia ao mercado regional.

Nesse sentido, aponta o documento, países como Botswana, Zâmbia, Zimbabwe e República Democrática do Congo têm a oportunidade de se beneficiar da energia do país por meio do desenvolvimento e uso de oleodutos, bem como de camiões, enquanto a África do Sul, Namíbia e Gabão podem explorar uma vasta rede de transportes marítimos. O documento enfatiza que a Zâmbia, por exemplo, que já tem uma participação no desenvolvimento da refinaria angolana do Lobito, assinou em Janeiro de 2023 um acordo de cooperação de importação de combustível com Angola numa tentativa de reforçar a sua segurança energética.

O proposto oleoduto Angola-Zâmbia, no valor de 5 mil milhões de dólares, segundo o relatório, que vai da Refinaria do Lobito até Lusaka, capiotal da Zâmbia, vai ser um divisor de águas para o país, ao mesmo tempo que posiciona Angola como um centro regional de energia.

À medida que outros países vizinhos aproveitam o abastecimento de energia de Angola através de projectos de conectividade regional, uma nova era de segurança energética está à vista para a África Austral.

Além disso, os desenvolvimentos a jusante de Angola não só vão permitir que o país atenda às crescentes necessidades regionais de energia, mas também ajudar a região a equilibrar segurança, acesso e acessibilidade energética com as demandas de transição energética.

Com Angola a priorizar as reduções de emissões das operações de downstream, o fornecimento de combustíveis mais limpos para atender à procura regional de energia vai ajudar os países da África Austral e Central a cumprir as promessas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

 

Fonte: JA