Internacional
09 Maio de 2023 | 09h44

Rússia assinala Dia da Vitória em ambiente de alta tensão

A Rússia assinala hoje o Dia da Vitória em segurança máxima, num momento de alta tensão entre Moscovo e Kyiv, com acusações mútuas de ataques aéreos e receios de parte a parte de aproveitamento da efeméride para novas investidas.

O Dia da Vitória, que celebra a derrota da Alemanha nazi em 1945, colocando fim à Segunda Guerra Mundial na Europa, tem o centro das comemorações em Moscovo, com um desfile militar na Praça Vermelha, cujo acesso está fechado há vários dias, mas em pelo menos noutras 21 cidades russas, ou regiões ocupadas na Ucrânia, as paradas foram canceladas.

O presidente russo tomou pessoalmente em mãos a organização das cerimónias, tendo previsto um discurso, apesar de informações não confirmadas de fontes ucranianas que admitiam que Vladimir Putin apenas falará em formato 'online'.

Embora a grande maioria dos meios militares e soldados russos estejam destacados na invasão da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, Putin tem por hábito usar datas simbólicas para realizar demonstrações de força, este ano marcadas por fortes restrições de segurança, que incluem a proibição de 'drones' e serviços de transportes por aplicações nas maiores cidades do país e até 'jet skis' nos canais de São Petersburgo

As preocupações de segurança foram agravadas desde que, na semana passada, a Rússia acusou a Ucrânia de lançar dois 'drones' contra o Kremlin, visando assassinar Putin.

Entre várias avaliações independentes de que o ataque foi uma encenação, Kiev negou as acusações de Moscovo, e também estar por trás de outras ações de sabotagem em território russo e bombardeamentos na Crimeia anexada.

A Ucrânia tem por sua vez assistido a uma intensificação dos ataques aéreos russos, que levou ao corte de energia em seis grandes regiões do país na segunda-feira.

Ao fim de mais um ano do que Moscovo chamou "operação militar especial", a situação no terreno caiu num impasse, com avanços e recuos residuais de ambos os lados, à custa de pesadas baixas, sobretudo em Bakhmut (leste), onde se arrasta desde agosto a batalha mais longa e sangrenta desta guerra, e quando se espera uma contraofensiva ucraniana, que recentemente recebeu tanques pesados e reforço de armamento dos seus aliados.

Putin considera a invasão da Ucrânia como uma guerra existencial pela sobrevivência da Rússia, usando entre os seus argumentos a "desnazificação" do regime de Kiev, que devolve a acusação.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comparou a ofensiva da Rússia ao nazismo, afirmando que "este mal" será vencido tal como em 1945, e, num novo sinal de afastamento de Moscovo, anunciou que a data da vitória alcançada na Segunda Guerra será celebrada no seu país em 08 de maio, à semelhança do que acontece no resto da Europa, ou no "mundo livre" como descreveu.

Esta alteração mereceu elogios da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, que estará hoje em Kiev, depois de ter apresentado ao Conselho da União Europeia o 11.º pacote de sanções contra a Rússia.

Apesar dos receios na Ucrânia e na Rússia de que a data de hoje seja usada para a realização de mais ataques, além de Von der Leyen em Kiev são esperados, por seu lado, em Moscovo vários líderes estrangeiros.

O Presidente do Quirguistão, Sadyr Zhaparov, chegou na segunda-feira à capital russa e avistou-se com Vladimir Putin.

No mesmo dia as autoridades anunciaram que o Presidente uzbeque Shavkat Mirziyoyev, e o Presidente tajique, Emomali Rakhmon, também estará nas festividades, juntamente com o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, e o líder do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev.

Em 2020 e pela primeira vez, as celebrações dos 75 anos do Dia da Vitória foram adiadas por causa da pandemia de Covid-19.