Internacional
24 Fevereiro de 2023 | 15h56

Rússia responde ao líder do grupo Wagner e rejeita falta de munições

O Ministério da Defesa russo considerou "absolutamente falsas" as declarações do chefe do grupo mercenário Wagner, Yevgueni Prigozhin, de que o Exército parou de fornecer munições aos combatentes no Donbass, considerando a decisão uma "traição" do alto comando militar.


"O comando do grupo conjunto de tropas (na Ucrânia) dá atenção especial, constante e prioritária ao fornecimento de tudo o que é necessário aos voluntários e soldados das unidades de assalto"
, afirmou, em comunicado, o Ministério da Defesa, que qualifica os mercenários do grupo Wagner como "voluntários".

O departamento chefiado por Sergei Shoigu sublinhou que, apenas nos últimos dois dias, o avanço total relativamente às posições defensivas das Forças Armadas da Ucrânia das unidades de assalto russas na área da cidade de Bakhmut foi "mais de dois quilómetros e meio".

"O sucesso das operações de combate não teria sido possível sem o total apoio de fogo da ofensiva por artilharia, viaturas blindadas e outras armas de fogo", acrescentou.

No comunicado, o Ministério da Defesa russo enfatiza que, apesar das "difíceis condições climatéricas na área de Bakhmut, 18 incursões de aeronaves de assalto foram realizadas nos últimos dias para apoiar a ofensiva".

"Portanto, todas as declarações 'de cabeça quente' sobre a falta de munições são absolutamente falsas", sublinhou.

Argumentou que somente entre 18 e 20 de fevereiro "os voluntários" dos esquadrões de assalto receberam 1.660 mísseis para lançadores de foguetes múltiplos, 10.171 munições para canhões de artilharia de grosso calibre e morteiros, além de 980 projéteis para tanques.

"Todas as solicitações de fornecimento de munições para as unidades de assalto são respondidas o mais rápido possível. Assim foi e assim será", sublinhou, acrescentando que, nos próximos dias, todos os pedidos apresentados para fevereiro serão totalmente atendidos.

A Defesa russa explicou que as entregas de munições começarão sábado, de acordo com o pedido apresentado para março.

"No total, durante o ano passado, as necessidades de munição dos destacamentos de assalto foram satisfeitas em 140% dos pedidos recebidos. Esta é a nossa prioridade", insistiu.

No comunicado, o ministério diz ainda que as tentativas de "dividir o estreito mecanismo de interação e apoio entre as divisões do grupo russo são contraproducentes e só beneficiam o inimigo".

Na segunda-feira, Prigozhin, que mantém uma relação tensa com o comando político e militar do Ministério da Defesa, denunciou uma "falta total de munições" nas fileiras dos destacamentos mercenários que lutam no Donbass e exigiu mais projéteis.

Prigozhin, conhecido pelos seus estreitos laços com o Kremlin, disse que, até ao momento, a Defesa fez "ouvidos moucos" a todos os seus pedidos.

Frisou ainda que quando o general Sergei Surovikin comandava as forças russas lutando na Ucrânia "não havia problemas com munições".

Na terça-feira, também acusou Shoigu e Gerasimov -- atual comandante das Forças Armadas russas - de "traição" por quererem "destruir" a sua companhia mercenária ao alegadamente proibirem a entrega de munições aos combatentes.

Prigozhin já tinha acusado no passado a Defesa russa de tentar roubar-lhe vitórias, dando como exemplo a operação para tomar o reduto ucraniano de Bakhmut, onde o grupo Wagner conquistou várias cidades.