Sociedade
23 Fevereiro de 2023 | 09h43

Elefantes destroem lavras na comuna da Munenga

Elefantes estão a destruir campos agrícolas na comuna da Munenga, município do Libolo, na província do Cuanza-Sul, segundo camponeses da região, que solicitam apoio para inverter o quadro.

A situação arrasta-se há mais de dois anos e muitos munícipes procuram abrigo noutras áreas, pois além da destruição dos campos agrícolas, os animais manifestam tendência de atacar a população.

A autoridade tradicional máxima da comuna da Munenga, soba Vicente Paulo "Ngana Mungumbo”, solicita às autoridades ligadas à gestão ambiental no sentido de utilizarem mecanismos para a retirada dos animais da região.

"Estamos fartos dos estragos dos elefantes, num total de três, que não poupam nada, o que faz com que a fome volte à região. Não podemos fazer nada, porque matar elefantes é crime ambiental”, disse a autoridade tradicional, acrescentando que a melhor maneira é retirar os animais da área.

De acordo com o soba Ngana Mungumba, mais de 100 lavras, nas localidades de Cassanga, Binga, Talatombo, Songue, Cambingo e outras, já foram "visitadas” por elefantes, estando abrangidos pelos estragos um total de 15 mil camponeses. 

"O elefante é um animal feroz, que só se sente saciado com enormes quantidades de produtos, como milho, mandioca, batata doce e rena, cana, bananeiras, estando os camponeses sem meios para evitar os estragos”, explicou.

Julieta Domingas, umas das camponeses vítima dos estragos dos elefantes, disse ao Jornal de Angola que perdeu todas as suas culturas e, nos próximos tempos, não sabe como alimentar a família e conseguir dinheiro para outras necessidades.

"Estamos mal, a nossa comida está a ser destruída por elefantes, pedimos ao Governo para retirar os animais da nossa área”, disse, acrescentando que teme pela sua vida e dos filhos, pois, recentemente, animais famintos dirigiram-se à cabana onde estavam a abrigar-se da chuva e não aconteceu o pior porque fugiram a tempo.

Deu a conhecer que no dia em que estavam para ser atacados, os elefantes comeram todo o bombó que estava a ser preparado.

A administradora comunal da Munenga, Eugénia Magalhães, garantiu ao Jornal de Angola que a situação já foi reportada à Administração Municipal do Libolo, que, por sua vez, remeteu a preocupação ao órgão do ambiente na província.

Eugénia Magalhães manifestou-se preocupada com a situação, principalmente da retirada dos populares com medo de serem atacados por elefantes, o que pode prejudicar a campanha agrícola. 

"A comuna da Munenga é grande produtora de mandioca, batata-doce e rena, além de cana-de-açúcar, mas a acção dos elefantes pode criar penúria alimentar”, disse Eugénia Magalhães, que defende o estudo de um mecanismo que permita a retirada dos animais da região. "Tenho a certeza que, se houver vontade e determinação, o departamento ministerial que tutela o ambiente pode retirar os animais da nossa região, porque é triste o que estamos a passar”.

Acrescentou que caso a situação perdure por muito tempo, a população, cansada de ver os campos agrícolas destruídos, poderá começar a matar os animais, o que é grave, por ser crime ambiental. "Pedimos que haja celeridade na resolução do problema”, disse a administradora, que pede calma à população e a não atacar os animais.

Fonte: JA