Cultura
08 Janeiro de 2023 | 09h38

Especialistas defendem a criação do Núcleo Museológico no Sumbe

A criação de um núcleo museológico na cidade do Sumbe, província do Cuanza-Sul, é apontada como uma das soluções pelos especialistas locais para garantir a preservação do acervo que representa o mosaico sócio-cultural e dos grupos etno-linguísticos locais.

Os entendidos na matéria consideram que a riqueza cultural da província do Cuanza-Sul encontra-se dispersa, tendo em conta a origem dos povos que se fixaram neste território. O director do Gabinete provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Francisco Ventura, está preocupado com a situação.

O responsável apela às autoridades tradicionais, líderes comunitários, fazedores da cultura, professores e investigadores de história para uma reflexão e a criação de debates sobre a matéria pela a importância da preservação e valorização do património cultural nacional.

Francisco Ventura destaca a necessidade da "aglutinação de vontades para se encontrar um denominador comum, quanto a identidade cultural local, na sua diversidade sociocultural que representa o povo Cuanza-Sul”.

Para a sua concretização, Francisco Ventura considerou importante a inscrição no Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano económico de 2023, os projectos de construção do Núcleo Museológico, que poderá constituir um marco para a valorização da cultura da região”.

Na mesma senda, adiantou que outra conquista do sector que dirige ao nível da província, tem a ver com o projecto de construção, no ano em curso, de uma mediateca e outras infra-estruturas de apoio à massificação cultural. "Estamos num bom caminho com a inscrição dos projectos ao nível do Cuanza-sul, que dão início aos trabalhos, tendentes à valorização e massificação da cultura”, disse.

 

Realidade cultural

O director do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo e Juventude e Desportos considerou que, apesar da falta de infra-estruturas de apoio à dinamização das mais variadas manifestações culturais e artísticas, a província está a conhecer uma realidade diferente, num perspectiva positiva, no domínio das artes plásticas, dança, teatro e música.

Francisco Ventura realçou que o património imaterial na província do Cuanza-Sul está a ganhar, um impulso satisfatório, com manifestações culturais, sobretudo em épocas festivas, onde as populações procuram exibir as danças locais e exposições dos mais variados produtos culturais. "A nossa província é rica em manifestações culturais, fruto da sua diversidade, e temos procurado incentivar para que caminhemos para um estado desejado”, justificou.

Quanto às bases para a pesquisa científica, Francisco Ventura considerou que a província regista um défice, em termos de quadros e técnicos que possam dar suporte ao sector para um trabalho de pesquisa. "Não estamos satisfeitos com o que fizemos até aqui porque precisamos formar quadros e técnicos que vão trabalhar no terreno, e por fim apresentarem resultados científicos, que podem ser remetidos ao sector que cuida do Património Histórico-Cultural.

No entanto, manifestou a preocupação sobre as dificuldades de acesso às fontes históricas, por degradação das estradas, e da falta de meios de transportes, bem como de recursos financeiros que possam sustentar o trabalho.

Outra preocupação, segundo Francisco Ventura, tem a ver com a vandalização de alguns monumentos e sítios, o que preocupa o sector. "Temos assistido a vários actos de vandalização, sobretudo da fortaleza do Quicombo, que para nós constitui um grande transtorno, uma vez que a reabilitação de um monumento histórico obedece a um critério rígido e oneroso”, lamentou.

Adiantou que decorre em toda extensão da província, o processo de conservação de monumentos e sítios, com destaque nos municípios do Sumbe, Amboim, Ebo e Libolo, processo que conta com o envolvimento das respectivas administrações municipais.

Línguas e danças

O responsável da cultura, turismo e juventude e desportos no Cuanza-sul referiu que localmente, a província é habitada por povos que falam várias línguas, sendo o Quimbundo, Umbundo e Ngoya e doze variantes faladas nas diversas regiões locais. Quanto às danças, Francisco Ventura mencionou como as principais, o katambi, virina, catita ou cangondó, xirimina, quimbuelela, semba e outras pouco expressivas.

Aliado às danças, está a rica gastronomia da província, despontando o calulú, caracol, mariscos, ratos, carne de macaco e de giboia, e outros kitutes.

 

Monumentos culturais

Quanto aos monumentos culturais, Francisco Ventura mencionou a existência na província de monumentos de arquitectura civil, religiosa, militar, funerária, e sítios arqueológicos e zonas paisagísticas, espalhados por todos os municípios, estando classificados um total de oito, sendo a Fortaleza da Quibala, no município com o mesmo nome, fortaleza do Kissongo, município do Libolo, Challett Araújo, município do Mussende, Igreja Sagrada Família do Sumbe, Núcleo I de Novo Redondo, Fortaleza e Fortim do Quicombo, ambos no Sumbe, Pinturas Rupestres do Ndalambiri, município do Ebo.

Para assinalar o 8 de Janeiro, Dia da Cultura Nacional, segundo Francisco Ventura, foi promovido a realização de várias actividades culturais, com destaque a uma acção formativa aos quadros e técnicos do sector da cultura, das administrações municipais e associações, sobre a preservação de monumentos e sítios.

Fonte: JA