Segundo a BBC, Hassan Sheikh Mohamud, venceu a disputa eleitoral depois de três rondas de uma votação, que decorreu em Mogadíscio, capital do país, com um apertado bloqueio de segurança imposto pelas Forças de Segurança para evitar eventuais atentados .
Na primeira volta, participaram 36 candidatos, quatro dos quais seguiram para o segundo turno. Como nenhum candidato conseguiu conquistar, pelo menos, dois terços dos votos dos 328 legisladores, a votação foi para um terceiro turno, onde Hassan Mohamud acabou por vencer por uma maioria simples.
Membros das Câmaras Legislativas Superior e Inferior escolheram o Presidente em votação secreta dentro de uma tenda instalada num hangar do aeroporto dentro do campo militar de Halane, que é protegido por Forças de Paz da União Africana.
A reeleição de Hassan Sheikh Mohamud encerrou um processo eleitoral prolongado que aumentou as tensões políticas, e as preocupações com a insegurança, depois que o mandato de Mohamed Abdullahi Mohamed expirou em Fevereiro de 2021 sem um sucessor no lugar.
Tiros comemorativos ecoaram em várias partes de Mogadíscio quando ficou claro que Haasan Mohamud havia derrotado o homem que o substituiu há cinco anos. Ainda antes de se saber o resultado da votação, o alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, pediu à Somália para se centrar na reconciliação e na paz. "Esperamos que as eleições presidenciais na Somália sejam pacíficas", escreveu Borrell, numa mensagem publicada na rede social Twitter, acrescentando que "a nomeação de um novo Presidente finaliza o processo eleitoral, que se atrasou muito".
"Chegou a hora de os dirigentes da Somália se centrarem na reconciliação e na consolidação da paz", concluiu.
A prorrogação de dois anos do mandato de Mohamed Abdullahi Mohamed pelos deputados, em Abril de 2021, desencadeou combates em Mogadíscio, reavivando memórias das décadas de guerra civil que assolaram o país depois de 1991.
A comunidade internacional fez repetidos apelos para que as eleições fossem concluídas, estimando que os atrasos impediam as autoridades de se concentrar na luta contra os radicais islâmicos, filiados na Al-Qaeda, que há 15 anos lideram uma insurreição no país.
Esta eleição era crucial para o futuro económico da Somália, onde 71% da população vive com menos de 1,90 dólares por dia. O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu que um Programa de Ajuda poderia terminar automaticamente em 17 de Maio se uma nova administração não estivesse em funções.
A Somália está em crise desde 1991, quando os "senhores da guerra” depuseram o ditador Siad Barre e depois se revoltaram entre eles. Anos de conflito, ataques de radicais islâmicos e a fome devastaram o país, que enfrenta também uma das piores secas das últimas décadas.
As organizações humanitárias temem uma fome
semelhante à de 2011, que matou 260.000 pessoas.
O Primeiro a ser reeleito
Hassan Sheikh Mohamoud é o primeiro Chefe de Estado somali a ser reeleito para um segundo mandato, prometendo transformar o país, abalado por uma longa crise política, um "país pacífico em paz com o mundo".
Ele terá que enfrentar vários desafios importantes: uma seca histórica que pode levar à fome generalizada, a insurgência de radicais islâmicos, que o tentaram assassinar durante o seu primeiro mandato e reparar os danos causados pelo caos político.
Nascido em 1955 em Jalalaqsi, região Central de Hiran, Hassan Sheikh Mohamoud é do poderoso clã Hawiye, que tem maioria na capital Mogadíscio. Ingressou na política em 2011, quando fundou o Partido da Paz e Desenvolvimento. No manifesto do seu partido, afirmou que o seu primeiro objectivo é "construir uma sociedade livre dos demónios do clã, do medo e do conflito interno".
O seu Governo foi o primeiro a receber o reconhecimento global e biliões de euros em ajuda internacional desde a queda do regime autoritário de Siad Barre em 1991. Mas, foi acusado de ter decepcionado os apoiantes, que denunciaram a corrupção e as lutas internas, como em Governos anteriores.
No seu anterior mandato, em particular, houve disputas de longa data entre ele e dois dos três Primeiros-Ministros que nomeou depois acabaram por demiti-los . Dois governadores do banco central também deixaram o cargo após alegações de corrupção que cercaram o seu Governo.
O novo Presidente foi educado na Universidade Nacional da Somália, antes da queda de Siad Barre. É mestre em educação técnica pela Universidade de Bhopal, na Índia. O seu currículo inclui o trabalho com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com quem colaborou nos primeiros anos do colapso do Estado somali. É ainda co-fundador do Instituto Somali de Gestão e Desenvolvimento Administrativo (SIMAD) em 1999.
Fonte: JA