COVID-19
26 Maio de 2021 | 10h25

Vacinados e recuperados podem transmitir covid-19 mesmo que não tenham sintomas

Diferentes estudos detectaram que pessoas infectadas mas assintomáticas que tenham imunidade natural ou induzida pela vacina ainda têm a capacidade de alojar e disseminar a covid-19 por algum tempo, mesmo que não desenvolvam a doença.

De acordo com Guillermo López Lluch, professor de Biologia Celular da Universidade Pablo de Olavide (UPO), a chave para evitar o perigo de contágio é "alcançar uma imunidade de grupo o mais ampla possível no mais curto espaço de tempo". "É uma corrida contra o vírus", alertou, citado pelo El País.

O biólogo conseguiu detetar a infeção de uma pessoa imunizada num caso próximo, uma pessoa de 92 anos, vacinada com a dose dupla de uma das marcas administradas em Espanha, e que teve de se deslocar ao hospital, onde testou positivo apesar de não apresentar sintomas.

Jocelyn Keehner e Lucy E. Horton, juntamente com outros membros das Faculdades de Medicina da Universidade da Califórnia (UCLA) e San Diego (UCSD), publicaram em março no The New England Journal of Medicine (NEJM) os resultados de uma investigação interna. "O risco absoluto de teste positivo para SARS-CoV-2 após a vacinação foi de 1,19% entre os profissionais de saúde da UCSD e 0,97% entre os da UCLA, taxas que são mais altas do que os riscos relatados nos ensaios das vacinas da Moderna e da vacina Pfizer-BioNTech", pode ler-se.

Esse estudo mostra as mesmas conclusões, ainda que com números diferentes, de outro publicado em abril pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos e de outros anteriores publicados na revista Nature e no British Medical Journal.

É muito provável que os casos de reinfecção sejam mais numerosos do que os detetados, uma vez que na maioria das vezes não produzem sintomas e, portanto, essas pessoas, que são consideradas imunizadas, não se submetem a testes PCR, crê López Lluch.

Mark Pandori, diretor do Laboratório de Saúde Pública de Nevada, concorda. "Estamos a subestimar os casos de reinfeção. São muito difíceis de detetar, é necessário um equipamento especializado para fazer esse trabalho", explicou na Scientific American.

López Lluch refere-se a um estudo recente no The Lancet para argumentar que, embora a resposta imunológica gerada pela vacinação ou pela própria imunidade natural evitem a disseminação do vírus e o desenvolvimento da doença, existem pessoas imunizadas que são infetadas e podem ser uma fonte de propagação do vírus, mesmo que mostrem poucos ou nenhum sintoma.

O especialista em biologia celular explica que a causa é a carga viral, a quantidade de vírus que circula no sangue da pessoa infectada. Mesmo que uma pessoa não desenvolva a doença, pode manter uma certa carga viral.

Fonte: DN