Cultura
26 Abril de 2021 | 08h50

'Nomadland' foi o vencedor em noite morna e com um final muito estranho

A 93.ª cerimónia de entrega dos prémios da Academia de Hollywood decorreu este domingo. 'Nomadland' conseguiu três Óscares, numa noite sem um vencedor destacado.

Foram este domingo entregues os prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, mas nada foi como dantes e nem sequer nos referimos à pandemia. Uma cerimónia pouco cerimoniosa, com segmentos a ser apresentados de forma mais rápida, e um final muito, muito estranho, que o New York Times comparou a "um final à Guerra dos Tronos", como um desaparecimento inesperado.

Antes disso, os filmes. 'Nomadland', de Chloé Zhao, foi o vencedor da noite, com três estatuetas douradas (Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Atriz), uma indicação clara de que esta 93.ª edição assistiu a uma distribuição equitativa de prémios entre os vários candidatos. 'Mank', que era o filme mais nomeado (10), foi o maior derrotado, conseguindo apenas dois Óscares (Fotografia e Direção de Arte).

Seis filmes foram galardoados com dois Óscares: 'Ma Rainey's Black Bottom'; 'Judas and the Black Messiah'; 'Mank', 'The Father', 'Soul' e 'Sound of Metal'.

A Netflix foi o estúdio mais premiado da noite. Arrecadou sete Óscares, mas fica mais uma vez um sabor agridoce. As sete estatuetas são de categorias técnicas, nenhuma nas principais e mais desejadas, incluindo a de Melhor Filme que volta a escapar à Netflix. 

Sinais de mudança

Numa das cerimónias mais diversas da história da Academia, foram esta noite ultrapassadas algumas barreiras, sobretudo no que diz respeito à equidade. Chloé Zhao tornou-se na primeira asiática e a primeira não caucasiana a vencer um Óscar na categoria de Melhor Realizador. É também a segunda mulher a ganhar um Óscar de realização, em mais de 90 anos de Academia. Youn Yuh-jung foi a primeira atriz coreana a vencer um Óscar. E treze anos depois, uma mulher voltou a vencer a categoria de Melhor Argumento Original, com 'Promising Young Woman', de Emerald Fennell.

Melhor Ator foi a última categoria e cerimónia terminou, quase, num 'fade to black'

A categoria de Melhor Filme surge, usualmente, no final de todas as outras, coroando a melhor longa-metragem do ano depois de serem distribuídos os outros prémios. Este ano foi diferente. A categoria que antes era a principal foi apresentada antes de Melhor Atriz e Melhor Ator, que foram as últimas. 

Pior do que isso: Anthony Hopkins, que acabou por vencer o Óscar de Melhor Ator, não compareceu à cerimónia, nem presencialmente, nem, aparentemente, por zoom. A cerimónia terminou, assim, de forma abrupta com uma nota a indicar essa ausência.

O elemento muito presente da violência armada e racial

Logo à entrada, no discurso de abertura, Regina King aludiu ao veredicto de Derek Chauvin, na semana passada, lamentando perante os espetadores a necessidade de "pregar", mas sublinhando a importância do momento corrente.

"Estamos a chorar a perda de tantos, e tenho de ser honesta, se as coisas tivessem corrido de forma diferente na última semana em Minneapolis, talvez eu tivesse trocado os meus saltos por botas de marchar", disse. "Eu sei que muitos de vós, em casa, querem pegar no controlo remoto quando sentem que Hollywood vos está a pregar alguma coisa, mas como mãe de uma criança negra, conheço o medo com que muitos vivem e nenhuma fama ou fortuna muda isso".

Paralelamente, ‘Two Distant Strangers’, que venceu o prémio de Melhor Curta-metragem, e ‘If Anything Happens I Love You’, que venceu a categoria de Melhor Curta de Animação, incidem ambos sobre a violência armada.


Fonte: NM