Saúde
25 Abril de 2021 | 08h28

OMS África assinala “Dia Mundial da Malária” com aposta na eliminação

No dia Mundial de Luta contra o Paludismo que hoje se assinala, a Directora Regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, reafirma o combate à doença “Este ano, assinalamos o Dia Mundial de Luta contra o Paludismo, enquanto lamentamos as 384 000 mortes evitáveis que foram imputadas a esta doença na Região Africana da OMS, em 2020”.

O tema para este ano é "Zero paludismo  fazerfrente ao paludismo”, porque todos os casos de paludismo são evitáveis e todas as mortes por paludismo são inaceitáveis.

Em 2019, dos 229 milhões de casos de paludismo e 409 000 mortes por paludismo notificados no mundo, 94% foram registados na Região Africana da OMS. Isto apesar dos grandes progressos realizados na resposta ao paludismo na Região.

Entre 2000 e 2019, a incidência do paludismo diminuiu 29% e o número de mortes 60%. As disposições tomadas permitiram evitar a ocorrência de mais de 1,2 mil milhões de casos e 7,1 milhões de mortes na Região. Cabo Verde mantém o estatuto de país livre do paludismo desde 2018, a Argélia foi certificada como livre do paludismo em 2019 e o Botsuana, a Etiópia, aGâmbia, o Gana, a Namíbia e a África do Sul alcançaram os marcos definidos para 2020, reduzindo a incidência e o número de mortes por paludismo em 40% comparativamente a 2015.

No entanto, 36 dos 44 países da Região endémicos de paludismo não atingiram estes marcos. No geral, a Região ficou 37% e 25% aquém dos objectivos estabelecidos em relação à incidência e aos óbitos,respectivamente. Embora a incidência do paludismo na Região tenha diminuído entre 9% e 10% a cada cinco anos, entre 2000 e 2015, nos últimos cinco anos esta taxa diminuiu para menos de 2%.

Cada ano em que deixamos o paludismo se propagar, a saúde e o desenvolvimento padecem. O paludismo é responsável por uma redução média anual de 1,3% do crescimento económico em África. Deste modo, e a título de exemplo, o absentismo associado ao paludismo e as perdas de produtividade causadas por esta doença custam todos os anos à Nigéria cerca de 1,1 mil milhões de dólares americanos. 

Estima-se que, em 2003, o impacto financeiro dopaludismo no produto interno bruto do Uganda tenhasido equivalente a 11 milhões de dólares. No Quénia, opaludismo é responsável pela perda de cerca de 170milhões de dias úteis no mercado de trabalho e por 11% das faltas registadas nas escolas primárias.

Para que esta situação mude, é preciso prestar um maior apoio às populações em risco. Em 2019, um em cada três agregados familiares em risco não dispunha de uma rede mosquiteira tratada com insecticida e48% das crianças com menos de cinco anos não dormia sob uma rede mosquiteira tratada com insecticida. De todas as crianças com febre que se deslocaram a umaunidade de saúde para receberem cuidados, 31%

não fizeram o teste ao paludismo, contrariando assim as recomendações feitas pela OMS quanto à necessidade de testar todos os casos de febre em zonas endémicas.

Constatou-se também que duas em cada três mulheres grávidas não receberam três ou mais doses de tratamento preventivo intermitente para a doença. Esta falta de protecção contribuiu para 11,6 milhões de casos de paludismo em mulheres grávidas que deram à luz 822 000 crianças com baixo peso em 33 países.

Também se vislumbra novos desafios no horizonte, como a crescente resistência dos vectores aos insecticidas na Região. Isto poderá comprometer a eficácia de intervenções, como as redes mosquiteiras tratadas com insecticida e a pulverização intradomiciliária com efeito residual longo. Aresistência dos parasitas do paludismo a alguns medicamentos também pode tornar esta doença muito difícil de tratar.

Foram recentemente detectadas mutações genéticas no parasita do paludismo (deleções no gene pfhrp2/3) no Corno de África, que poderiam aumentar o número de testes ao paludismo com resultados falso-negativos. O mosquito Anopheles stephensi, um vector do paludismo em zonas urbanas, invadiu o Corno de África nos últimos anos, sendo susceptível de causar surtos devastadores nas cidades e vilas.

São, portanto, necessárias medidas urgentes paratravar o flagelo desta doença e para nos aproximarmos dos objectivos mundiais definidos para o paludismo, nomeadamente a redução em 90% do número de casos e mortes imputáveis a esta doença até 2030. Devem também ser feitos investimentos para garantir um maior acesso às intervenções de combate ao paludismopor parte dos