O presidente da Comissão Executiva (PCE) da Unidade de Negócios de Exploração e Produção (UNEP) da Sonangol, Ricardo Van-Deste, considera que Angola terá produção suficiente de crude para alimentar as refinarias projectadas e com obras já em curso.
Trata-se das refinarias de Cabinda, Soyo, Lobito e a modernização e optimização da de Luanda.
" A questão é que essa produção poderá ter que ser comprada por essas refinarias a preços competitivos no mercado”, disse Ricardo Van-Deste, em entrevista ao Jornal Sonangol "Pacaça” edição de Março/2021.
Actualmente, Angola tem uma produção diária de 1.2 milhões de barris de crude, um volume que poderá alterar, proximamente, com a entrada em acção de novos campos.
"Olhando para a capacidade actual e as capacidade de conversão de crude das referidas refinarias, pode-se antever, sim, petróleo suficiente para alimentar as mesmas”, reforçou.
A título de exemplo, a Refinaria de Cabinda terá uma capacidade de conversão de 60 mil barris de petróleo dia e a do Soyo (Zaire) foi projectada para uma capacidade de produção de 100 mil barris de petróleo bruto por dia.
Já a Refinaria do Lobito (Benguela), considerada como de alta conversão, terá uma capacidade prevista de 200 mil barris/dia e vai ocupar uma área de aproximadamente 150 hectares.
No referido espaço, aguarda-se pela produção de gasolina sem chumbo, gasóleo, Jet1 (combustível para aviação), petróleo iluminante, quantidade limita das de enxofre e coque.
A refinaria de Luanda, em obras para sua modernização e optimização, terá capacidade de produção de gasolina de 450 mil por ano, contra as actuais 72 mil toneladas, após a conclusão da empreitada prevista para 2022.
UNEP relança 4 Blocos em onshore
Para o exercício económico 2021, a UNEP, no que diz respeito a exploração, tem previsto a aquisição de 1.500 quilómetros quadrados de sísmica 3D em cada Bloco operado 5/06 e 27.
A UNEP vai, de igual modo, relançar a actividade em terra (Onshore) em quatro blocos operados por si, sendo um dos principais activos o bloco 3/05, onde encontra-se em curso um programa de revitalização, com o objectivo de, além de aumentar a produção, melhorar a integridade das instalações que tem mais de 35 anos de história de produção.
O programa, acrescentou, contempla varias iniciativas, entre as quais a reativação de plataformas e poços fechados, restauração da estrutura submarina e de superfície das plataformas e intervenção em sistemas críticos como o de injecção de água, geração de energia, tratamento de águas produzidas e compressão de gás.
Destaca-se ainda a reativação da produção do Bloco 3/05A, parado desde 2017, cujas causas não foram avançadas.
Ainda no quadro das iniciativas, Ricardo Van-Deste refere que a UNEP tem outro programa "ambicioso " de exploração e avaliação de quatro blocos terrestres, um (1) na Bacia do Congo e tres (3) na Bacia do Kwanza (actualmente com nove blocos em alienação) em alinhamento com a sua estratégia de exploração e produção.
"Estudos preliminares indicam existir potencial a ser confirmado com a aquisição de dados sísmicos de alta resolução”, aponta, acrescentando que a UNEP está a acompanhar toda discussão sobre exploração petrolífera em zonas ambientalmente sensíveis.
Em relação a produção de gás , o PCE garante prestar também atenção a este segmento, uma vez que o país já dispõe de uma legislação que permite o desenvolvimento de campos de gás não associado.
O responsável lembrou que a Unidade de Negócios de Exploração e Produção da Sonangol é parceira do novo consórcio de gás que visa, numa primeira fase, desenvolver duas descobertas até 2024 e fornecer gás a planta da Angola LNG (Gás liquefeito Natural), com quem tem parceria nos Blocos 20 e 21.
"Vamos avaliar e implementar, em parceira com o operador Total, as melhores opções para a monetização desse gás natural”, avançou Ricardo Van-Deste.
Sobre ao futuro que desenha para o petróleo no mundo pós Covid-19, admitiu ser difícil fazer a previsões, pois, no seu entender, a indústria de crude não será a mesma após a pandemia.
No entanto, e apesar da transformação energética ser já uma realidade, avança que o petróleo permanecera a principal fonte nos próximos 20 anos.