O procurador-geral da República, Hélder Pitta Grós, justificou, ontem, a morosidade do processo judicial contra a empresária Isabel dos Santos com a sua “complexidade”, além dos condicionalismos impostos pela pandemia da Covid-19.
Segundo Hélder Pitta Grós, os processos como o de Isabel dos Santos não
se investigam em seis meses, nem num ano. "Há aqueles tipos de crimes
que, pela sua complexidade, levam muito mais tempo e há alguns que
requerem a intervenção da cooperação internacional, autorização de
exames e perícias de documentação”, lembrou, em declarações à imprensa,
depois de inaugurar o parlatório virtual (sala de viodeoconferência) do
Hospital Prisão de São Paulo.
O alto magistrado do Ministério
Público refutou, assim, as acusações de Isabel dos Santos, segundo as
quais a Justiça angolana não é célere nem justa. Sobre a alegada
"conspiração” de que se queixa a empresária, o procurador-geral da
República respondeu que aquela era uma opinião dela, sobre a qual não
tinha nada a comentar. Sublinhou que "a senhora engenheira Isabel dos
Santos é livre de dizer aquilo que achar conveniente para a sua defesa”.
Hélder
Pitta Grós apontou, ainda, a pandemia da Covid-19 como outra causa da
morosidade do processo que envolve Isabel dos Santos. Lembrou que, desde
o ano passado, as instituições do país não trabalham a 100 por cento.
"Isso não é só em Angola, mas noutros países há, também, dificuldades no
funcionamento das instituições”, referiu, justificando o tempo que dura
a investigação. Para o procurador-geral da República, "o mais
importante é que o trabalho está ser feito da melhor forma possível.”
Mais 70 procuradoresO
procurador-geral da República, Hélder Pitta Grós, pediu, quarta-feira,
maior empenho e dedicação aos 70 novos magistrados do Ministério
Público, que iniciaram funções.
"Pedimos muita dedicação e sejam
dignos. Por isso é que chamamos digno magistrado do Ministério Público.
Isto porque devemos exercer a nossa profissão com dignidade. Nós é que
temos que dar dignidade à nossa profissão. Sejam humildes e queiram
aprender todos os dias. Que saibam utilizar os instrumentos legais, mas
sobretudo que saibam que os vossos actos sejam justos”, disse o
procurador-geral da República.
Hélder Pitta Grós apelou aos novos
magistrados a terem consciência que, a partir da tomada de posse, a
vida de cada um deles deixou de ser 100 por cento pessoal e sim
partilhada com a instituição que garante a legalidade em Angola.
"Vocês
têm uma missão e terão de ter em conta, no vosso projecto de vida,
também o projecto de vida da PGR. Deverão, também, ter presente o
juramento que acabaram de fazer, porque este juramento não deve ficar
como simples palavras que foram ditas por vocês e acabou. Este juramento
irá acompanhar-vos no exercício da vossa profissão”, realçou.
O
também presidente do Conselho Superior da Magistratura do Ministério
Público pediu a todos sacrifícios e espírito positivo pelos locais de
trabalho em que vão ser distribuídos nas províncias fora de Luanda.
Manuela Gomes e Gabriel Bunga
Fonte: JA