Sociedade
12 Abril de 2021 | 10h27

Bebé abandonado pela mãe foi acolhido no Lar Kuzola

O menino de dois anos, abandonado pela progenitora no bairro Rocha Pinto, em Luanda, no dia 19 de Março, foi entregue aos cuidados do Lar Kuzola e, agora, deve aguardar por uma decisão do Tribunal de Menores, para o seu regresso no seio familiar.

O pequeno, que foi deixado num beco amarrado pelo pé, com atadores, a um pau de maneira, para que não seguisse a mãe, foi encontrado por Amélia Coxi, de 37 anos de idade, moradora do referido bairro.
Segundo Amélia Coxi, horas antes viu uma jovem grávida com o menino ao lado, rodando de um lado para o outro, numa clara demonstração de procurar abandonar a criança. "A moça girava pela rua com o menino, bem perto da minha casa. Ela olhava de um lado para o outro e prestava bem atenção a quem passava, tentando largar a criança”, contou.

Ao se aperceber da intenção da jovem de querer se desfazer do bebé, Amélia Coxi saiu ao encontro da mesma, desencorajando-a pela tamanha barbárie, tendo recebido uma resposta desagradável. "Ainda fui ter com ela e disse-lhe para não fazer o que estava a pensar, que um filho e é um filho e nunca se deve abandonar, sejam por que motivos forem. Mas, no final disse: Peço-te para não te meteres na vida dela”, contou.

Amélia Coxi frisou que, cerca de uma hora e meia depois de ter abordado a mãe do menino, ouviu populares a gritarem, reclamando por uma criança que tinha sido abandonada num beco, bem próximo de sua casa. Ao reparar, percebeu ter sido o mesmo menino de horas antes e lavou-o para a sua casa.

A socorrista disse que levou o pequeno à esquadra, onde abriu um processo e onde também foi aconselhada pela Polícia a cuidar do bebê, pois era o melhor que se podia fazer naquele momento. Amélia Coxi ficou com o menor durante dois dias e depois foi comunicar o facto à Tv Zimbo, para que, de uma forma mais célere, se pudesse encontrar os respectivos familiares.
Durante cerca de uma semana, o pequeno permaneceu em casa de Amélia Coxi. Nesse mesmo espaço de tempo, ela divulga o sucedido nas redes sociais e, rapidamente, foi contactada pelo Instituto Nacional da Criança (INAC), para que o petiz fosse levado à instituição.


Avó anseia regresso do neto
Ângela Maurício Albino, de 41 anos, moradora do bairro Morro da Luz, é a avó materna do pequeno. Ela conta que vivia com o menino e a respectiva mãe, de nome Antonica Lourenço. A filha, de 20 anos de idade, ficou grávida do pequeno Cláudio, que nunca foi apresentado ao pai.
Ângela Albino passou a ser responsável do menino, desde o seu nascimento até o seu desaparecimento. A senhora, que é doméstica, diz que, com os poucos recursos que obtém da sua actividade, sustenta o menino e a filha que sempre se mostrou irresponsável para com o mesmo.

Conforme conta, Antonica apareceu novamente grávida, tendo desta vez apresentado o namorado, que assumiu a gestação e se comprometeu a viver com ela. Ângela Albino disse que, pelos custos que acarretam os cuidados de um menino de dois anos e como forma de incutir na filha o sentido de responsabilidade, pediu que levasse o menino a viver com o actual marido.
"Não sabia da intenção dela de se desfazer do Cláudio e insisti que tinha de morar com o filho. Porém, o novo marido queixa-se por a criança comer demais e, por isso, prefere não quer viver com o pequeno. A Antonica está muito apaixonada pelo actual marido e preferiu se desfazer do filho”, admitiu a avó.

Acrescentou que antes de se desfazer do menino, a filha passou uma semana em sua casa, com o menino, e dizia estar só de passagem, mas que quando regressasse do trabalho já não a encontraria. Ângela Maurício Albino ficou admirada, ao ver seu neto na televisão tido como criança abandonada pela própria mãe.
Ângela Albino já foi ao INAC reclamar a guarda do menino e pretende tomá-lo sob sua tutela e não mais devolvê-lo à filha, já que pode ter o neto como um filho, que jamais deixaria entregue à própria sorte.

Fonte do INAC avançou que o menino deve ainda continuar sob os cuidados no Lar Kuzola, uma vez que o caso está a ser analisado pelo julgado de menores, que deve avaliar as condições sociais da família e aceitar ou não o regresso do pequeno no seio familiar.

Fonte: JA