O objetivo dessa data é chamar a atenção de todo o mundo para os efeitos dos transtornos bipolares sobre a qualidade de vida e o convívio social do paciente. Tão importante quanto levar informação sobre como lidar com esse distúrbio é trabalhar medidas educativas para eliminar o estigma social a ele associado.
O dia 30 de Março foi escolhido em todo o globo como a ocasião
oportuna para educar e sensibilizar a população sobre os riscos que essa
doença representa, não apenas para o portador como para a saúde
pública. Em resumo, o surgimento dessa data simboliza a chance de se
trabalhar uma questão que desafia pacientes, familiares e profissionais
de saúde.
Ainda que a causa exacta do transtorno bipolar não seja esclarecida,
pesquisas sugerem que a origem do problema esteja associada a alterações
nos níveis de importantes neurotransmissores coordenados pelo cérebro.
Esse desajuste seria a base para o surgimento de episódios eufóricos alternados com depressão, a principal característica do distúrbio.
A doença afecta mais de 140 milhões de pessoas em todo o mundo e no país a situação não é diferente.
De acordo com o director clínico do Hospital Psiquiátrico de Luanda, Jaime Sampaio, só primeiro trimestre do ano em curso, o Banco de Urgência e
as consultas externas registaram 80 casos de Transtorno Afectivo
Bipolar.
Segundo o médico psiquiatra, este número já é preocupante,
na medida em que o Transtorno Afectivo Bipolar é uma patologia sem cura,
cujas reais causas ainda não foram devidamente estudadas.
Jaime
Sampaio explica que o Transtorno Afectivo Bipolar é uma doença mental
caracterizada por alterações contínuas do humor, sendo que algumas vezes
os níveis de humor são altos (chamada mania ou hipomania) e outras
baixam drasticamente, levando à depressão profunda.
"São aquelas
pessoas que num determinado período estão muito alegres e noutros
completamente tristes. Por isso, chamam-se bipolar, porque tem dois
polos, um maníaco e outro depressivo”, esclarece o psiquiatra.
Segundo
o especialista, a doença está dividida em duas partes. Na primeira, "o
paciente apresenta quadros de manias e de depressão com alguma
relevância”. Na segunda, "o paciente demonstra mais episódios de
depressão em relação às manias”.
"Esta patologia, quando não
acompanhada convenientemente, pode evoluir para perturbações de
ansiedade, obsessão compulsiva, transtornos de pânico, fobias e
problemas de personalidade, principalmente os relacionados com a
organização pessoal”.