"As medidas postas em prática para conter a propagação da covid-19 infligiram um duro golpe às populações urbanas, que incluem muitos trabalhadores que vivem do dia-a-dia", afirmou o PAM num comunicado, que cita um comité especial do Governo do Zimbabué, doadores internacionais, outras agências da ONU e organizações não-governamentais (ONG).
O PAM acrescenta que as restrições à deslocação de pessoas, impediram ainda que trabalhadores que não encontrassem trabalho nas suas cidades pudessem aceitar trabalho sazonal no campo.
"As famílias terão dificuldade em pôr comida na mesa", assinalou a diretora do PAM para o Zimbabué, Francesca Erdelmann, na declaração, acrescentando que "os sortudos irão saltar refeições, enquanto outros terão de ir para a cama de estômago vazio".
O impacto da pandemia foi agravado por um forte aumento dos preços, associado à inflação, que tornou inacessíveis algumas das necessidades básicas.
Segundo o PAM, 83% dos agregados familiares urbanos vivem com menos do que o mínimo exigido para a compra de alimentos básicos, como farinha de milho, sal e óleo de cozinha. Um aumento face aos 76,8% de 2019.
As autoridades do Zimbabué impuseram várias restrições desde o início da pandemia, com a maioria apenas a ser levantada em março deste ano. Por outro lado, a venda ambulante, uma das principais fontes de rendimento para muitos residentes urbanos, continua proibida.
O nível de vida entre a população urbana caiu drasticamente em 2020, com as restrições a impedirem muitos trabalhadores do setor informal de encontrarem trabalho.
O Zimbabué, país com mais de 14,6 milhões de habitantes, registou até agora cerca de 37.000 casos de covid-19, entre os quais 1.520 mortes, segundo os dados oficiais.
De acordo com os dados mais recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infetados neste continente desde o início da pandemia é de 4.187.097 e o de mortes 111.919.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.784.276 mortos no mundo, resultantes de mais de 127 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um coronavírus (SARS-CoV-2) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Fonte: NM