COVID-19
29 Março de 2021 | 07h53

Primeiro-ministro eslovaco demite-se devido a vacina russa

O primeiro-ministro da Eslováquia demitiu-se ontem e vai trocar de cargo com o ministro das Finanças, numa remodelação para tentar acabar com a crise desencadeada por um acordo secreto para comprar a vacina russa da covid-19, noticiou a Lusa.

Igor Matovic anunciou que propôs a troca de cargos com o ministro das Finanças, Eduard Heger, também membro do Partido do Povo Comum, e que Heger aceitou "o desafio”.


Heger indicou que vai abrir conversações com os parceiros da coligação sobre um possível novo governo e que planeia encontrar-se com a Presidente, Zuzana Caputova, esta segunda-feira para consultas.


A crise política na Eslováquia eclodiu há três semanas, quando foi revelada a existência de um acordo secreto entre Bratislava e Moscovo para a compra de dois milhões de doses da vacina russa Sputnik V.


A Eslováquia faz parte da União Europeia, que ainda não autorizou a vacina russa.


Dois partidos membros da coligação de governo, Liberdade e Solidariedade e Para o Povo, críticos da forma como o partido Povo Comum de Matovic tem gerido as questões relacionadas com o combate à pandemia da covid-19, exigiram a demissão do chefe do Governo como condição para a coligação sobreviver.


Matovic defendeu a compra da Sputnik V com o argumento de que permitirá acelerar o programa de vacinação na Eslováquia.


Matovic concordou em demitir-se se o seu principal rival, líder do partido da Liberdade e Solidariedade, Richard Sulik, e a ministra da Justiça, Maria Kolikova, do partido Para o Povo, também se demitissem, o que ambos fizeram na semana passada.


A crise levou já à demissão de seis ministros dos quatro partidos da coligação de governo.


O Liberdade e Solidariedade rejeitou, entretanto, outras condições de Matovic, incluindo um pedido para que o partido de Sulik desistisse de um dos seus três ministérios.


Matovic anunciou este domingo que deixou cair todas as condições "para que a coligação continue”.


Dois dos partidos da coligação - os conservadores do Para o Povo e os populistas de direita Somos Família – anunciaram de imediato que aceitam o plano do primeiro-ministro de saída para a crise.


Já o liberal Liberdade e Solidariedade, que se retirou da coligação até que Matovic aceitasse demitir-se, disse que está pronto a regressar ao governo.

 

Fonte: LUSA