Ciência
11 Março de 2021 | 11h27

Cientistas estudam cintas 'milagrosas' usadas por grávidas da Idade Média inglesa

Na Idade Média inglesa, mulheres só percebiam que estavam grávidas quando sentiam os primeiros movimentos de seus bebês por volta dos cinco meses de gestação.

Durante essa época, havia cintas que eram utilizadas por grávidas como uma espécie de amuleto protetor contra os riscos do parto. As cintas eram geralmente feitas de pergaminho e tinham como objetivo "invocar a Virgem Maria" para proteger a mãe e a criança, conta o tabloide Daily Mail.

A Universidade de Cambridge, no Reino Unido, analisou as proteínas deixadas em uma "cinta suja" do século XV utilizando uma técnica não invasiva. O estudo foi publicado na Royal Society Open Science.

A equipe encontrou evidência direta de que esta teria sido, de fato, usada durante o trabalho de parto, uma vez que encontraram proteínas de fluidos cérvico-vaginais, bem como de mel, leite, ovos e cereais – todos estes ingredientes utilizados pelas parteiras durante o período medieval.

A gravidez na época medieval era "altamente perigosa" para a mãe e para o bebê, estando sujeitos a várias complicações, desde infecções a prolapsos do ventre materno. Para se ter uma noção, uma a cada três mulheres morria por complicações na gravidez.
Por esse motivo, as cintas seriam utilizadas como forma de proteção das futuras mães. "Muitas continham orações bastante específicas para proteger as mulheres durante o trabalho de parto, citando vários santos também relacionados às mulheres e ao processo de nascimento", explica a dra. Sarah Fiddyment.

Segundo Fiddyment, existem várias sugestões de que as cintas como a estudada "eram utilizadas como uma cinta de castidade, para apoiar as mulheres grávidas tanto física como espiritualmente".

A cinta analisada contém a Virgem Maria e os mártires Ciro e Julita – tradicionalmente invocados durante o trabalho de parto – juntamente com os 12 apóstolos e os três reis magos.

O estudo desta cinta medieval é a prova da verdadeira natureza de sua utilização, pois poucas provas sobre os tratamentos medievais destinados às grávidas sobreviveram à Reforma Protestante.

"Os reformistas protestantes foram rápidos a ter na mira os rituais relacionados ao parto, uma vez que estes eram vistos como 'santuários de práticas religiosas proibidas' [...]. Os bispos protestantes baniram especificamente as cintas, chegando até a forçar as parteiras a fazer juramento de que não as usariam", contou Sarah.

Fonte: Sputnik