Cultura
16 Fevereiro de 2021 | 10h28

União Povo da Quissama abre desfile central do Carnaval/2021

Depois de ter conseguido subir de escalão o ano passado, o União Povo da Quissama tem hoje, a responsabilidade de abrir o acto central do Carnaval de Luanda, que, devido a Covid-19, decorre no formato “live”, a partir das 15h00, no Centro de Produção da Televisão Pública de Angola (TPA).

Com alterações quanto ao formato do desfile e diversas restrições, o desfile conta este ano com as participações dos grupos União 10 de Dezembro, 54, Sagrada Esperança, Amazonas do Prenda, que também ascendeu à classe A, Giza, Kyela, Jovens da Cacimba, Etu Mudieto e Njinga Mbandi.
Este ano, por várias razões, alguns dos grandes da "festa” vão estar ausentes, como o Mundo da Ilha, vencedor da edição passada, e Recreativo do Kilamba, terceiro classificado.

Em declarações, ontem, à imprensa, o secretário-geral da Associação Provincial do Carnaval de Luanda (Aprocal), António de Oliveira "Delon”, disse que cada grupo vai ter dez minutos de exibição e uma delegação composta apenas por 25 integrantes. Esta edição, disse, não tem o carácter competitivo das anteriores e não inclui rebaixamentos para a classe B. "Os grupos da classe A receberam um milhão de kwanzas para se prepararem, enquanto os da B 750 mil kz”.
O grupo homenageado, contou, recebeu 500 mil kwanzas. "Estamos a preparar uma edição especial capaz de dignificar o Carnaval, mesmo em tempos de pandemia”, revelou, adiantando que só vão ser premiados os três primeiros classificados das classes A e B.

Ausentes

A inédita edição deste ano do Carnaval de Luanda, que acontece no formato "live”, devido à Covid-19, não vai contar com a participação dos grupos União Mundo da Ilha e Recreativo Kilamba por motivos de segurança.
O presidente do União Mundo da Ilha, António Custódio, disse que não participam devido ao actual número de integrantes do grupo na condição de risco. "Precisamos  garantir a segurança dos integrantes do grupo, com muitos integrantes acima dos 60 anos”.
O Recreativo Kilamba, liderado por Poli Rocha, preten-dia voltar a conquistar o título perdido, mas preferiu não dançar este ano.

O comandante

Ainda a recuperar da morte do "histórico comandante” Pedro Vidal, falecido no mês de Junho de 2020, vítima de doença, em Luanda, está o União 10 de Dezembro, que tem novo comandante, Bernardo Vidal, filho do malogrado, preparado ao longo dos anos para assumir o "manto”.
O presidente do grupo, Francisco Pimentel "Cota Chico”, garantiu, ontem, ao Jornal de Angola,  que apesar da pandemia vão participar nesta edição, para fazerem uma singela homenagem ao "eterno comandante” Pedro Vidal, que dançou durante 40 anos, conquistou 14 títulos de melhor comandante e deixou um legado e uma obra incomparável às novas gerações.

"Estamos a trabalhar para poder representar condignamente o grupo e Pedro Vidal”, disse, adiantando que estão felizes pelo facto de o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente estar a preparar também uma homenagem ao malogrado comandante.
Como grupo homenageado desta edição vão receber um valor simbólico de 500 mil kwanzas da organização.


Descontentamento

Os grupos carnavalescos da classe infantil disseram estar descontentes pelo facto de a direcção da Aprocal não lhes ter comunicado, antecipadamente,  a não participação dos "cassules” no "Live” especial deste ano.
Os grupos, desabafaram, receberam a informação muito tardiamente. Sobre orientação do Ministério da Saúde a classe infantil foi excluída do desfile "live”, por ser parte de uma camada de risco.

O presidente dos Cassules do Fogo Negro, Ras Tukah, explicou que, desde o primeiro encontro para os informar sobre a "live” , dia 22 de Janeiro, na Biblioteca Municipal da Ingombota, estavam convictos de participarem as três categorias.
A partir deste momento, adiantou, a maioria dos grupos começou a trabalhar internamente para a actuação. "Alguns, como nós, até chegaram a fazer dívidas para a produção de capacetes e outras indumentárias, incluindo pele de animais para fazer os batuques”, lamentou.

Apesar de concordar com a decisão da organização, critica o facto desta comunicação não ter sido tomada muito antes. "Actualmente temos dívidas de 200 mil kwanzas e agora quem vai pagar?”, questionou.
Agastada com a situação está também a presidente do Cassules Kazukuta do Hoji ya Henda, Antónia Ebo, que contraiu dívidas quando soube da participação dos infantis. Na mesma situação está o presidente do Cassules Twafundumuka, Manuel Joaquim "Kituxi”, que não sabe como pagar tais dívidas.