O militar das Forças Armadas Angolanas que supostamente baleou um jovem, na segunda-feira, no bairro Bala Bala em Cafunfo, foi detido, anunciou a delegação provincial do Ministério do Interior na Lunda Norte.
Segundo um comunicado, o suposto autor do crime de homicídio
encontrava-se fardado na via pública, em companhia de um colega, em
missão particular, quando interpelaram dois jovens que circulavam numa
motorizada. "Sem motivo aparente, produziram disparos de armas de fogo
do tipo AKM”, alvejando mortalmente um jovem de 25 anos, Garcia João
Zeca, e provocado graves ferimentos num outro, de 27 anos, Lino António
Fernandes.
"Após denúncia, o Serviço de Investigação Criminal
deteve os supostos prevaricadores e foram encaminhados ao Ministério
Público para prosseguimento de trâmites processuais, visando a sua
responsabilização criminal”, acrescenta o comunicado. A delegação
provincial do Ministério do Interior condenou ainda o "acto bárbaro” e
apela "aos órgãos afins para que os implicados sejam severamente punidos
nos termos dos dispositivos legais”, endereçando condolências à
família.
Em declarações à Lusa, João Zito Zecamutchima, pai do
jovem, disse que recebeu a informação ao final da tarde de
segunda-feira. "O filho saiu de casa para comprar cebola para o jantar.
Deram tiro no recinto da casa mesma, fugiram e deram tiro no outro
moço”, afirmou, acrescentando nada saber sobre as circunstâncias e os
motivos que levaram ao assassinato. Acrescentou que a polícia lhe
garantiu que os responsáveis seriam penalizados.
O corpo ainda não foi entregue à família
A
vila mineira de Cafunfo foi palco de incidentes entre a polícia e
populares no passado dia 30 de Janeiro, de que resultaram um número
indeterminado de mortos e feridos, estando sob um forte dispositivo das
forças de segurança desde essa altura. Nesse dia, segundo a polícia
angolana cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado
Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende a autonomia daquela
região, tentaram invadir uma esquadra policial, obrigando as forças de
ordem a defender-se, provocando seis mortes.
A versão policial é
contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e
sociedade civil local, que falam em mais pelo menos 25 mortos e alegam
que se tratou de uma tentativa de manifestação, previamente comunicada
às autoridades, e que os manifestantes estavam desarmados.
Fonte: Jornal de Angola