O director-adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique, Eduardo Samo Gudo, disse ontem que o país está a enfrentar uma segunda vaga de Covid-19 muito mais severa, que só pode ser revertida com restrições reforçadas.
"Não temos dúvidas de que estamos perante uma segunda vaga muito mais
severa", declarou Eduardo Samo Gudo, em entrevista à emissora pública
Rádio Moçambique (RM).
O ritmo acelerado, persistente e consistente
das infecções enquadra-se na "definição clássica" de uma segunda vaga da
pandemia, avançou. Moçambique, prosseguiu, está com uma das mais altas
taxas de positividade do novo coronavírus em África, tendo-se situado
nos 31,2% na primeira semana deste mês.
"O número de casos por
dia, nos primeiros sete dias deste mês, foi de 900, totalizando cerca de
5.500 casos numa única semana, e o número de óbitos por dia foi de 14,
somando 103 em apenas uma semana", frisou.
O incumprimento das
medidas de prevenção durante a quadra festiva em Dezembro foi "o
gatilho" que fez disparar as infecções, mas a situação foi exacerbada
pela nova variante de Covid-19 detectada na África do Sul. A nova
estirpe detectada na África do Sul começou a circular em Moçambique em
Novembro do último ano, acrescentou.
"Temos uma transmissão mais
acelerada", apesar de a virulência e a severidade da nova estirpe se
manter a mesma da primeira variante, referiu o director do INS.
"Medidas
leves e moderadas já não revertem o actual quadro, porque as cadeias de
transmissão estão muito dispersas, só medidas restritivas severas é que
podem desacelerar o ritmo de transmissões", enfatizou Eduardo Samo
Gudo.
Um elevado ritmo de infecções é que está por detrás da
subida de internamentos, óbitos e pressão sobre a testagem e consequente
demora na notificação dos resultados.
Eduardo Samo Gudo assinalou
que Maputo é actualmente o epicentro da Covid-19, mas o país já conta
com vários focos de transmissão comunitária, devido à multiplicação de
cadeias de transmissão.
O país vive por 30 dias, desde a última
sexta-feira, sob novas restrições face ao aumento do número de óbitos,
internamentos e casos que só em Janeiro superaram os números de todo o
ano de 2020, concentrando-se em Maputo.
O Presidente moçambicano
anunciou na quinta-feira, entre 20 novas medidas, um recolher
obrigatório durante a noite, das 21h00 às 04h00, na área metropolitana
de Maputo, que abrange também os distritos adjacentes de Matola, Boane e
Marracuene. O país contabiliza um total acumulado de 460 mortes e
44.600 casos, dos quais 61% recuperados.
Fonte: JA