Internacional
18 Janeiro de 2021 | 20h21

Em dia de Martin Luther King, Don incentiva na rua a compreensão

“Parem de se odiar só por discordarem" lê-se no cartaz que Don Folden segura nas mãos, com a palavra "odiar" em vermelho, fazendo uma das pessoas que passam e tiram fotos exclamar: "é o cartaz mais sensato que vi hoje".

"Temos de ter compaixão uns pelos outros. Temos de aprender a comunicarmos. Estamos num navio que se vai afundar (...) E nós estamos a lutar uns contra os outros como cães e gatos. Tudo porque discordamos. Temos de parar com isso", defende Don Folden em declarações à agência Lusa.

O dia de hoje celebra o nascimento de Martin Luther King Jr. (1929 -- 1968), um pastor religioso e ativista político conhecido por liderar campanhas contra a segregação racial e por lutar pela igualdade racial nos Estados Unidos, defendendo a compaixão.

Um dos discursos mais conhecidos de Martin Luther King começa com a frase "I have a dream" (Eu tenho um sonho).

Para além do cartaz, Don anda com um cachecol enrolado à volta da face e com um chapéu preto, transportando também um sistema de som para passar música nas ruas.

O que faz hoje é o mesmo que vai fazer no dia da tomada de posse do Presidente eleito, Joe Biden, na quarta-feira, apesar de estar da parte de fora da áreacircundada por obstáculos, barreiras e grades que pretendem garantir uma cerimónia fechada e sem público geral, como nunca aconteceu.

"Estarei aqui com a minha música e com o meu cartaz e vou tentar encorajar as pessoas a estarem unidas", diz à Lusa Don Folden, que completa 68 anos na terça-feira, a seguir ao dia de Martin Luther King e um dia antes da inauguração presidencial de Joe Biden.

Don Folden identificou o problema há um ano e criou a página 'online' "The Truth Conductor".

"Temos membros de famílias que não se falam por discordarem. E se pudermos trabalhar nas famílias e curar famílias, podemos revirar o mundo", explica o afro-americano.

Já um ano depois do início da causa e depois de eleições presidenciais que expuseram a profunda divisão da sociedade norte-americana, a violência nos Estados Unidos cresceu por motivos políticos e atingiu um 'clímax' em 06 de janeiro, quando milhares de apoiantes de Donald Trump, candidato derrotado, atacaram o Capitólio.

Desde o dia de 06 de janeiro, as medidas de segurança foram aumentadas, com 25 mil militares a chegar de todo o país para proteger Washington de possíveis ataques de teor terrorista e a presidente da Câmara a cidade ordenou o encerramento de inúmeros serviços, desencorajando novas visitas.

"Este 'shutdown' é porque nós discordamos e vejam os prejuízos que já causou, está a afetar a todos", considera Don Folden.

"Estou aqui há 45 anos e nunca vi [Washington] DC assim e espero nunca mais ver", diz Don, também dono de uma operadora turística de 'tours' em Washington para visitar lugares com história ligada a afro-americanos.

"Estamos demasiado ocupados a falar uns para os outros com divisão, sentido de vingança, ódio e animosidade e não falamos uns com os outros. Todos têm alguns preconceitos, ninguém é perfeito", sublinha.

Para o defensor da comunicação e compaixão, uma forma para ver se a causa está a crescer ou a ser adotada é que "as pessoas começam a falar umas com as outras".

"É tudo o que eu quero fazer, em todo o mundo, e poderemos resolver os problemas de alguém", acrescenta.

"Estamos numa crise, há muita escuridão no mundo e precisamos de luz. Se este cartaz, se puder espalhar alguma luz e ajudar pessoas a deixarem de se odiar, então fiz a minha parte", defende Don Folden.

Joe Biden, antigo vice-presidente da administração de Barack Obama, vai tomar posse como Presidente dos Estados Unidos na quarta-feira, sem a presença de público, mas com cerimónia virtual, depois de Donald Trump ter perdido o segundo mandato nas eleições presidenciais de 03 de novembro.

Fonte: NM