A campanha de massificação do registo de nascimento e atribuição do Bilhete de Identidade permitiu a 1 milhão 98 mil e 694 cidadãos obter bilhetes pela primeira vez em 2020, informou, ontem, o director nacional de Identificação, Registos e Notariado do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, Carlos Cavuquila.
"A campanha começou há um ano. Já temos um balanço muito bom. Temos
quase dois milhões de angolanos já registados e 1 milhão 98 mil e 694
cidadãos que receberam bilhetes pela primeira vez em 2020. E isto veio,
também, mostrar que estamos no bom caminho", disse o responsável, que
falava à Rádio Nacional por ocasião do Dia do Identificador, assinalado
ontem.
A data marca o dia em que foi emitido o primeiro bilhete
angolano, atribuído ao então Presidente da República, António Agostinho
Neto, a 5 de Janeiro de 1976. De lá para cá já foram emitidos mais de 18
milhões de bilhetes de identidade.
"Desde o dia em que Agostinho
Neto tratou o primeiro bilhete até hoje (ontem), foram emitidos, em todo
o território nacional, 18 milhões 603 mil 582 processos de bilhete de
identidade", sublinhou.
Carlos Cavuquila lembrou que, no período
de 1976 até 1997, altura em que se tratava o bilhete manual, durante 21
anos, o país emitiu apenas 1.500.000 bilhetes. "Agora, de Novembro de
2019 a 30 de Dezembro de 2020, em um ano apenas, foram emitidos mais de 1
milhão de bilhetes. Significa dizer que o processo actual é mais
célere, embora reconheçamos que também há mais população".
O
responsável informou que, actualmente, o número de cidadãos portadores
de bilhetes de identidade nacional é de 10.687.426 (dez milhões,
seiscentos e oitenta e sete mil e quatrocentos e vinte e seis).
Dificuldades
O
director nacional de Identificação, Registo e Notariado, reconheceu
haver dificuldades para a obtenção do bilhete de identidade, que deixou
de ser atribuído em um dia, nos termos da Lei 4/09 de 30 de Junho, Lei
do Bilhete do Identidade, que estabelece.
Nos termos do artigo 27º da
Lei do Bilhete de Identidade, que é a Lei 4/09 de 30 de Junho, disse, o
período mínimo são de 48 horas ou dois dias e o período máximo de 30
dias.
Segundo Carlos Cavuquila, esses prazos são cumpridos onde
há facilidade de mobilidade, pois, por razões de segurança, os bilhetes
são impressos num único ponto, no Centro de Produção do Bilhete de
Identidade, no Kilamba. Depois é que se faz a distribuição por todos os
postos, por via aérea e por outros mecanismos. O período de chegada dos
bilhetes aos destinatários pode levar de uma a duas semanas.
Carlos
Cavuquila adiantou também que os bilhetes de identidade passarão a ter
um novo período de validação, que consta na Proposta de Lei que altera o
Regime Jurídico da Identificação Civil e Emissão do Bilhete de
Identidade de Cidadão Nacional, aprovada pela Assembleia Nacional, em
Novembro passado.
Com o diploma, o prazo de validade vai passar
de cinco para dez anos, a partir dos 20 anos de idade. O objectivo,
disse, é evitar que as pessoas tenham necessidade de fazer renovações
constantes. Em média, frisou, cada cidadão renova sete vezes até à idade
do bilhete vitalício. "Isto era muito oneroso, não do ponto de vista
financeiro, mas constrangedor para quem, de cinco em cinco anos, tinha
de se deslocar a um posto de identificação, quando, às vezes, o seu
bilhete estava em boas condições de conservação".
Alargamento dos serviços
Segundo
Carlos Cavuquila, uma das apostas do sector é o alargamento dos
serviços até à comuna, evitando que o cidadão percorra longas
distâncias para tratar o bilhete de identidade.
A proposta de Lei que
altera o Regime Jurídico da Identificação Civil e Emissão do Bilhete de
Identidade de Cidadão Nacional vai, igualmente, permitir a cerca de
quatro milhões de cidadãos obter o Bilhete de Identidade mediante a
apresentação do Cartão de Eleitor.
Segundo o secretário de Estado
da Justiça, Orlando Fernandes, o diploma, aprovado em Novembro do ano
passado, vai facilitar o Programa de Massificação do Registo Civil e
atribuição do Bilhete de Identidade, que está em curso desde Novembro de
2019. "Com esta solução legislativa aprovada, vamos trazer para a
cidadania aproximadamente quatro milhões de angolanos e, por arrasto,
também os seus descendentes”, garantiu.
O ministro da
Administração do Território, Marcy Lopes, sustentou que, com a aprovação
do diploma, será resolvido "um problema real”, uma vez que o país ainda
regista muitos compatriotas sem Bilhete de Identidade.
Numa mensagem
por ocasião do Dia do Identificador, o ministro da Justiça e dos
Direitos Humanos, Francisco Queiroz, disse tratar-se de uma data de
reflexão sobre o desempenho do sector da Justiça, relativamente aos
feitos e perspectivas.
A mensagem destaca a construção e o
arranque do Centro de Produção do Bilhete de Identidade, em Luanda, com
capacidade para emissão de 20 mil bilhetes por dia e a disseminação de
postos de identificação pelo país e no exterior.
Fonte: JA