Saúde
09 Janeiro de 2023 | 09h26

Centro de Hemodiálise do Lubango devolve esperança de vida a pacientes

Mensalmente, 150 pacientes entre adultos e crianças, que padecem de insuficiência renal crônica e outras complicações do rim, são atendidos no Centro de Hemodiálise do Hospital Central Dr. António Agostinho Neto, na cidade do Lubango.

O responsável do Centro de Hemodiálise do Lubango, Isaac Hungulo, avançou que a unidade atende, também, 20 pacientes do Namibe e três do Cunene, além de pessoas em trânsito pelas "Terras da Chela”, oriundas de Luanda, Benguela, Bié e outras.

Isaac Hungulo descreveu que o movimento diário é grande, chegando aos 65 pacientes, entre os quais aqueles que estão na condição de internados, em tratamento ambulatório e os que têm necessidades de consultas prescritas por médicos de outras unidades hospitalares, para confirmação dos casos suspeitos.

Explicou que a adesão considerável de novos casos suspeitos e de doentes acamados oriundos de vários pontos do país deve-se ao facto de o Centro de Hemodiálise do Lubango continuar a ser o único no país a utilizar um equipamento de última geração, existente em países como Alemanha, Espanha África do Sul.

Isaac Hungulo salientou que a referida tecnologia é da versão Freezen, que permite a produção do soro de substituição na hora em que o paciente está em tratamento de hemodiálise. "Enaltecemos o Presidente da República, João Lourenço, e a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, por permitirem equipar o Centro do Lubango com tecnologia que está a facilitar a reifusão”, reconheceu o responsável.

Neste momento, referiu que não existe falha no stock de fármacos, tendo assegurado que a unidade possui uma zona de diálise de emergência para os pacientes oriundos do Banco de Urgência, com realce para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

"Criamos a estratégia de funcionar em três turnos, de segunda a sexta-feira, até às 22h30”, disse e avançou que os casos de emergência do fim-de-semana são atendidos por uma equipa de especialistas que fica de plantão.

Isaac Hungulo referiu que uma das maiores preocupações está relacionada com pacientes de várias idades com problema de insuficiência renal como consequência da malária. Em Outubro, o centro assistiu a duas crianças, de dez anos, que foram recuperadas.

Por isso, aconselhou os pais e encarregados a recorrerem sempre aos hospitais, quando as crianças apresentarem sintomas de malária, por ser uma das doenças que está a criar complicações nos rins, devido à sua hiperpefusão.

Uma das grandes valências que se tem estado a constatar, desde a inauguração do imóvel, em Junho de 2019, pelo Presidente João Lourenço, é o facto de os pacientes terem a possibilidade de permanecer próximo dos familiares, de suas casas e sem transtornos de constantes viagens para o centro de Benguela.

 

Formação contínua

O enfermeiro licenciado, que conhece bem os segredos da unidade hospitalar, por causa especialidade em Hemodiálise que fez no Hospital Multiperfil e Girassol, em Luanda, enalteceu as formações contínuas dos profissionais, que visam mantê-los actualizados.

Isaac Hungulo apelou às autoridades a reforçarem as máquinas de diálise para fazer face ao aumento de casos que se registam nas províncias da Huíla, Namibe e Cunene. "Os rins são órgãos cujo tratamento duma anomalia deve ser urgente pela sua importante função no organismo”.

Descreveu que as dificuldades que inquietam o centro têm a ver com o transporte dos pacientes, à medida que o único autocarro que têm apoiado no transporte dos pacientes já se vê incapaz de satisfazer a procura, devido ao surgimento de novos doentes e respectiva localização geográfica no Lubango.

 

Centro é uma dádiva

Ana Gonçalves, 45 anos, há seis anos que faz hemodiálise. Em meados de 2018, sentiu um mau estar e resolveu recorrer ao Hospital Central do Lubango para um melhor diagnóstico. Depois de vários exames, a resposta a tirou do sério: Os dois rins não estavam a exercer devidamente o seu papel.

Após a contribuição dos familiares, já que estava desprovida de recursos para custear os encargos da viagem, hospedagem e alimentação, rumou para as terras das Acácias Rubras com o esposo. Contou que o diagnóstico a entristeceu por confirmar a urgência de fazer hemodiálises.

Ana Gonçalves explicou que face aos custos e o tratamento que era feito duas vezes por semana, decidiram mudar-se em Benguela, passando o espaço a visitar de vez em quando a casa situada no Bairro Kwawa, arredores da cidade do Lubango.

"Arrendamos um quarto, num bairro próximo ao Hospital de Benguela, onde vivemos seis anos, isto é, até 2019”, disse, para reconhecer as valências da construção, aquisição e montagem de equipamentos diversos que estão a minimizar o sofrimento de dezenas de pacientes.

Considerou bom o atendimento dos médicos e o tratamento, que faz três vezes por semana. Agradeceu a disponibilização de um autocarro pelo Governo Provincial da Huíla, para minimizar os custos de transporte e recolher os pacientes nos respectivos bairros.


Ana Gonçalves, com cinco filhos, nos dias de dispensa do tratamento, ajuda o esposo na venda de diversos bens, na cantina que montaram em casa, para aliviar o esforço de António Cassanga que tem ainda a missão de ir às lavras onde produz horto-frutícolas, cereais e outros.

 

Medidas preventivas

O neurologista Cubano Ivan Teve, 57 anos, que há 30 anos lida com casos dos rins começou por valorizar o sistema tecnológico usado no Centro de Hemodiálise do Hospital Central Dr. Agostinho Neto, por facilitar e dar mais qualidade e perfeição no tratamento dos pacientes.

Para ele, a prevenção ainda continua a ser o melhor remédio para manter os rins saudáveis e duráveis, exigindo, por isso, desenvolver acções preventivas nos grupos de risco, nomeadamente diabéticos, ou os hipertensos.

Apelou ainda às autoridades a trabalharem num quadro legal sobre a permissão do transplante e a aprovação da referida Lei, de modo a ser possível a realização de acções do género para salvar os pacientes, cujos rins estão sem solução.

Fonte: JA