De acordo com as denúncias da oposição, o ministro teve conhecimento com vários dias de antecedência de que o sistema sanitário de Manaus entraria em total colapso por falta de camas e de oxigénio para atender os doentes com covid-19, e não adotou qualquer medida para evitar o agravamento da situação.
"Tendo em conta a situação calamitosa de Manaus, o procurador-geral considerou necessária a abertura de um processo para investigar os factos", indicou a Procuradoria num comunicado, no qual explica o pedido ao Supremo Tribunal.
Segundo o comunicado, o pedido foi feito depois de o próprio procurador ter ouvido as explicações do ministro e não as ter considerado suficientes.
O ministro admitiu, num relatório enviado à Procuradoria-Geral, que a empresa White Martins, responsável pelo abastecimento de oxigénio hospitalar no estado do Amazonas, alertou o Ministério da Saúde, em 08 de janeiro, de que não tinha capacidade para responder à elevada procura de oxigénio.
Apesar do alerta, o Ministério da Saúde só em 12 de janeiro colocou em marcha uma operação para enviar oxigénio para Manaus, em aviões militares, e mesmo assim em quantidade insuficiente para evitar o colapso que se deu a partir de 14 de janeiro, quando parte dos doentes ligados a máquinas começou a morreu por asfixia por falta do oxigénio.
No pedido ao Supremo o procurador pede que o tribunal convoque o ministro para ser interrogado e que envie a denúncia à Polícia Federal, para que esta adote as medidas de investigação que considere necessárias.
O colapso sanitário de Manaus, que elevou significativamente as mortes por covid-19, obrigou o Governo brasileiro a montar uma operação para transportar dezenas de doentes com covid-19 para outras cidades e fornecer oxigénio para a cidade em voos diários de aviões militares.
Apesar de ser um dos estados com menor densidade populacional do Brasil, o Amazonas acumula até agora 7.051 mortes e 248.561 contágios por covid-19.
O número de enterros nos cemitérios de Manaus chegou ao recorde de 1.333 nos primeiros 20 dias de janeiro.
O Brasil, com 210 milhões de habitantes, é o segundo país do mundo com mais mortes por covid-19, depois dos Estados Unidos.
Os últimos números oficiais indicam que já morreram 216.445 pessoas, de um total de 8,8 milhões de infeções.
Fonte: NM