Economia
29 Maio de 2023 | 11h56

Bengo e Benguela mantêm estatuto de maores centros abastecedores de banana no país

Só a província do Bengo disponibiliza para os mercados de venda e consumo, principalmente o de Luanda, mais de 1,1 milhão de toneladas/ano de banana de mesa, segundo indicadores de 2022 disponibilizados pela direcção Provincial da Agricultura.

Lá estão activas, para além de produções familiares bastante fortes, três das maiores empresas do país na produção da banana, designadamente Novagrolíder, Turiagro e a mais recente Vida Fresh.

São elas, as três que em Junho, de 23 a 25, se responsabilizam pela colocação de toneladas do produto na tradicional Feira da Banana, que este ano retoma, depois do ciclo da Covid-19, com a 9ª edição.

O Jornal de Angola soube que mais outras nove províncias confirmaram já presença para levar banana e outros produtos no certame, que, por regra, junta mais de 100 expositores.

Segundo os registos do Bengo, por exemplo, a província só com a Novagrolíder exportou, no ano passado, para Portugal, Espanha, Itália, Namíbia e RDC, 10 mil toneladas.

Contudo, devem ser dignas de registo já as cinco toneladas (5.000 quilogramas) exportadas pela Turiagro, nos últimos anos, para os diferentes destinos da Europa e África, respectivamente.

Há índices, segundo os quais Cabinda chega a exportar mais de 20 toneladas/dia pela fronteira de Massabi, fruto da produção dos municípios de Buco-Zau, Belize e Cacongo, este último o maior produtor da província e onde está já em perspectiva a instalação ainda este ano de uma indústria de processamento de banana.

No Cuanza-Sul, por exemplo, os números mostram que só um produtor a Fazenda Bem Aventurança, no Sumbe, chega a atingir as quatro mil toneladas/ano, com cifras de cerca de 300 a 400 toneladas/mês, numa área de 120 hectares.

Já no Nzeto, província do Zaire, está implantada a Fazenda Girassol, um gigante que tem também níveis de produção de banana em altas quantidades, que a torna como dos maiores fornecedores dos supermercados de Luanda.

São estes locais, no conjunto do país, os principais responsáveis pela continuação de um prestigiado primeiro lugar de Angola no ranking africano da produção da banana.

 

Prestígio domina África

Angola é, pelo oitavo ano, o maior produtor africano de banana, com uma oferta acima de quatro milhões de toneladas/ano, segundo  dados do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Apesar da concorrência directa de oito países do continente, nomeadamente, Rwanda, Tanzânia, Quénia, Egipto, Burundi, Camarões, Sudão e Etiópia, Angola é o principal produtor africano de bananas, ao menos, nos últimos oito anos.

Alguns agricultores pensam que as versões orgânicas da fruta poderiam revolucionar a indústria.

Com elevado valor nutricional, a comercialização em massa abre novas portas às vantagens de matéria-prima que até podem ser habitualmente consideradas como desperdício.

 

  Preço do quilo de banana nos supermercados de Luanda varia entre 299 a 395 kwanzas

O preço de quilograma de banana em alguns supermercados, na província de Luanda, apresenta diferenças ligeiras, numa altura em que o país continua a liderar o ranking como maior produtor no continente e sétimo colocado a nível mundial.

As idas ao supermercado para a aquisição de banana são uma prática comum na rotina de muitos cidadãos, mas que pode ser adiada quando o preço e a quantidade pretendida parecem não combinar.

No supermercado Deskontão, por exemplo, o preço do quilograma (kg) de banana de mesa é de 299 kwanzas e o de banana pão 429,00. No supermercado Kibabo, o preço do kg de banana de mesa é de  395 kwanzas e a banana pão 578,20. Já no supermercado Arreiou, há apenas a banana de mesa, cujo kg está ao preço de 250 kwanzas.

 

  Mercados mostram abundância da oferta e lucros dos vendedores

Numa ronda por alguns mercados dos Kwanzas e Kicolo, considerados como grandes centros de comercialização de banana, o Jornal de Angola abordou intervenientes da cadeia de comercialização do produto.

Segundo o gestor e fiscal do parque de banana no Mercado dos Kwanzas, Osvaldo Freitas, até ao momento, a venda deste produto do campo tem sido satisfatória em muito pela oferta e procura diária dos clientes.

O Mercado dos Kwanzas é, desde já, reconhecido pelo seu potencial de receber todo tipo de produtos provenientes do campo, em particular a banana, que tem sido um dos cartões de visita.

Pelo menos, 12 a 14 viaturas provenientes das províncias do Bengo, Uíge e Zaire abastecem, diariamente, o mercado.

Este mercado tem sido responsável pela recepção e distribuição para revenda da maioria da banana de mesa e a pão consumida por grande parte do Distrito Urbano do Sambizanga, do município de Luanda, e também partes dos municípios de Cacuaco e Cazenga.

Segundo o "parquista”, a banana vendida no Mercado dos Kwanzas é procurada por cidadãos malianos, senegaleses, portugueses, brasileiros, entre outros, que além da opção pela qualidade, têm visitado o mercado com o objectivo de adquirir esta e outras frutas disponíveis a um preço acessível se comparado com outras realidades.

Logo à entrada do espaço de venda da banana, um amontoado em estado depurado e de desperdício por falta de clientes chama à atenção.

Maria Baptista José, vendedora de banana há 24 anos, confirmou a disponibilidade diária do produto em altas quantidades neste mercado, mas lamentou a baixa procura por conta das vendas ambulantes.

A revendedora retalhista disse que o ganho, neste negócio, é relativo, dependendo do preço de compra e da procura pelo produto. Tem comprado um  cacho de banana ao valor de 3.000 kwanzas e despacha ao preço de 3.500 a 4 mil kwanzas, o que lhe permite ter um ganho cumulativo diário entre 8 e 10 mil kwanzas. A média de venda do produto é de 50 a 60 cachos variáveis em função do período de um a três dias. Explica que a procura pelo produto cresce durante os meses de Setembro a Dezembro.

Para Feliciana Mabiala, também vendedora de banana, há já muitos anos, apesar do grande potencial, existem muitos constrangimentos. A transportação de banana da fazenda até à mesa das famílias pode ter um custo à volta dos 1.500 kwanzas por três cachos ou 50 mil pelo aluguer de uma carrinha, que chega aos 70 mil kwanzas para carrinhas maiores.

Tem comprado os produtos em diferentes fazendas, na província do Bengo.

Já Rosa Domingos, 25 anos dedicados à venda de banana, disse que é lucrativa. Diariamente, obtém lucros entre cinco e 10 mil kwanzas.

Por sua vez, o automobilista Lucas João disse que tem enfrentado várias dificuldades no processo de transporte de banana. O elevado estado de degradação das estradas tem sido um entrave para se carregar o produto do campo aos espaços de comércio com normalidade.

Detalhou que, por exemplo, de Nambuamgomgo, localidade da província do Bengo, até à capital Luanda, onde estão os maiores compradores e consumidores, faz-se um tempo de aproximadamente de sete horas. Logo, para o transporte do produto, Lucas João cobra um valor de 1.000 kwanzas por quatro cachos de banana.

"Caso se resolvam os problemas das estradas, os mercados e centros de venda de banana, seguramente, poderão receber o produto ao dobro ou triplo, uma vez que conseguiremos nos locomover até as fazendas com mais facilidades", disse.

Júlia Abreu foi uma das clientes ouvidas, para quem a quantidade de banana nos mercados informais, hoje, é  maior, mas lamenta por entender que está mais cara para o consumidor.